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À NOITE
Areia morna, água límpida, clima ameno. E a orla torna-se irresistível

Com o calor batendo recorde no Rio de Janeiro – a temperatura média de fevereiro beira os 40 graus –, frequentar a praia à noite virou o grande programa deste verão para os cariocas. Quando o sol começa a se pôr, por volta das 19h45, e a areia já não queima os pés, a orla ganha um segundo turno de frequentadores: moradores e turistas ávidos por refrescar o corpo ao fim do dia, aproveitando o ar mais ameno e o espelho d’água iluminado pelos holofotes do calçadão. Não é preciso protetor solar, não há disputa feroz por vaga para estacionar o carro e a pouca luz deixa todo mundo mais à vontade. O banho noturno tem como points o Arpoador, na ponta de Ipanema, e o Leme, na outra ponta, só que de Copacabana, escolhidos por serem bem iluminados e, portanto, mais seguros. No clima de descontração, há famílias, grupos de amigos tocando violão, namorados trocando carícias e solitários caminhando à beira d’água. Para completar o cenário, a água está límpida e azul, por causa da falta de chuva. “Parece o mar do Caribe”, descreve a psicóloga Andréa Sena, 42 anos, que frequenta as noites do Arpoador quatro vezes por semana.

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A publicitária Mariana Campos, 27 anos, chega à praia às 20h com amigos e não sai antes da meia-noite. “Levamos biscoitos, bebidas… Fazemos uma farofada”, assume. Algumas vezes, mergulham até as duas da manhã. “Não faz frio”, garante. Outro que gostou da proposta foi o ator Alexandre Borges, que, de seu apartamento em Ipanema, caminha até a praia para ver o pôr do sol com a esposa, a atriz Júlia Lemmertz, e o filho, Miguel, 9 anos, e depois aproveita para pular no mar. “É maravilhoso”, diz. “Mergulhar à noite traz uma sensação de aventura e mistério, como na infância.” Mas o Corpo de Bombeiros não está gostando dessa moda. “Não recomendamos o banho de mar à noite porque não temos como garantir a segurança das pessoas”, diz o tenente-coronel Alexandre Rocha. Segundo ele, nesse horário a visibilidade da água não é boa e, além disso, os salva-vidas deixam a praia às 20h. Porém, parece que sob a lua os banhistas são mais cautelosos. Enquanto a corporação já resgatou, neste ano, duas mil pessoas em risco de afogamento durante o dia, nunca recebeu um pedido de socorro à noite. “O mar tem estado calmo”, pondera o coronel Ricardo Nunes. Só se for do ponto de vista dele. Porque, para os milhares de turistas e cariocas que vão à praia à noite, tem estado fervendo – de gente e badalação.