A ousadia sempre foi a maior característica das obras do arquiteto canadense Frank O. Gehry. O mestre dos edifícios metalizados e de contornos arredondados, que concebeu o premiado museu Guggenheim em Bilbao, na Espanha, ousou mais uma vez. Um dos maiores arquitetos vivos, ele fez uma pausa nos projetos monumentais para dedicar-se a uma delicada coleção de jóias. A convite da famosa joalheria americana Tiffany, desenvolveu uma linha que impressiona pela harmonia das curvas e juntou-se à seleta lista de designers que emprestaram seus traços à marca.

Depois de Jean Schlumberger, Elsa Peretti e Paloma Picasso, Gehry, aos 77 anos, assina seis linhas de brincos, anéis, correntes e braceletes que mesclam materiais tradicionais da joalheria com pau-brasil, ouro negro e pedras brancas russas, batizadas de cocholong. “A idéia de desenhar jóias me intrigava há muito tempo, particularmente a noção de criar formas numa escala completamente nova”,
diz Gehry, autor também do Walt Disney Concert Hall, um recente marco no sky-line de Los Angeles. As peças assinadas por Gehry chegam às lojas da Tiffany no
Brasil este mês.

Entre as inspirações para conceber o novo desafio proposto pela Tiffany, o peixe não poderia ficar de fora. O animal aquático aparece em diversas de suas obras desde os anos 80 e é uma referência de sua infância em Toronto. Toda quinta-feira, sua avó materna comprava uma carpa viva e a colocava na banheira durante a noite para, no dia seguinte, preparar gefilte fish, o bolinho de peixe tradicional da culinária judaica. O pequeno Gehry assistia encantado aos movimentos da carpa sem imaginar que ela se tornaria o grande símbolo de sua obra e responsável pelos mais de 100 prêmios recebidos na arquitetura, entre eles o Pritzker Prize, o mais importante de todos. As curvas do peixe que foram reproduzidas em um audacioso ponto de ônibus em Hannover, na Alemanha, aparecem nos pendentes de colares e braceletes da coleção Fish.

A dobradura, outro importante elemento de sua obra, também foi reproduzida no tamanho de uma jóia. As dobras que dão estrutura às suas famosas poltronas feitas inteiramente de papelão ganharam materiais muito mais nobres na Tiffany, como ouro e prata de lei. Talento e ousadia prontos para ser pendurados no corpo de quem estiver com a conta bancária em dia.

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