O roteiro é padrão. Uma história real é narrada em blog ou artigo de jornal. A trama vira um livro, que rapidamente se torna um best-seller. O enredo ganha visibilidade nas livrarias e é adaptado para as telas de cinema. Não são biografias raras, mas dramas corriqueiros que ganham o público pela identificação com os personagens. Os sucessos englobam tanto as mulheres belas, solteiras, bem-sucedidas e consumistas de “Sex and the City” quanto o cão que promove a unidade familiar em “Marley & Eu” ou as experiências gastronômicas de Julia Child em “Julie & Julia”. Todos estes sucessos de bilheteria tiveram o mesmo ponto de partida: blogs ou artigos. Das colunas de jornal para as telas de cinema, a novidade do momento é a trajetória da autora Amy Cohen, um prato cheio para as balzaquianas em busca da superação. Aos 35 anos, ela parecia estar vivendo todos os tipos de pesadelo de uma só vez. Perdeu a mãe, vítima de câncer, foi demitida do emprego e abandonada pelo noivo às vésperas do casamento. Narrava sua história em colunas do jornal “The New York Observer”, em 2007, quando foi sondada por uma editora para reunir os artigos em livro – The Late Bloomer’s Revolution (“Nunca é Tarde Demais”). Amy refez a vida, superou as adversidades e redescobriu  o amor. Fascinada pela obra, a atriz Sarah Jessica Parker comprou os direitos e irá adaptá-la para o cinema. O filme tem estreia prevista para 2011. “Há uma identificação do público com histórias comuns, embora cada uma tenha sua singularidade”, diz  Luciana Villas Boas, diretora do grupo Record, que lidera o mercado das biografias com este perfil. “Quando existe um interesse prévio do público, facilita o sucesso da obra.”

A vida como ela é
Trajetórias que viraram filme

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Grandes viradas de vida são um excelente filão. Afinal, quem nunca pensou em abandonar tudo e dar uma guinada total? Das experiências relatadas nos artigos da escritora Elizabeth Gilbert publicados na revista americana “GQ” nasceu o best-seller “Comer, Rezar e Amar”. Elizabeth tinha um ótimo casamento, uma bela casa e era bem-sucedida profissionalmente, mas não estava feliz. O vazio existencial no auge dos 30 anos começou a desaparecer depois que ela se divorciou, se desfez de todos os bens materiais, pediu demissão e saiu em viagem pelo mundo sozinha. Passou pela Itália, Índia e Indonésia, onde conheceu o brasileiro por quem se apaixonou e se casou. O filme homônimo, com estreia prevista para setembro no Brasil, traz Julia Roberts no papel principal.

Biografias inusitadas também ganham espaço. A paulista Raquel Pacheco, 25 anos – a Bruna Surfistinha –, deixou o anonimato em 2005, após receber dez mil acessos mensais no seu blog, no qual ela relatava seu dia a dia como garota de programa. Os detalhes picantes da narrativa e o diferencial da protagonista, uma garota de classe média que largou a vida de conforto para viver como prostituta, garantiram o sucesso. No mesmo ano, foi publicado o livro “O Doce Veneno do Escorpião”, que se tornou um best-seller, com mais de 300 mil exemplares vendidos. A jovem será interpretada pela atriz Deborah Secco no filme que chega às telas em julho. “Não sabia que a minha história seria tão interessante a ponto de ter um filme sobre ela”, diz Raquel. “Não batalhei por isto, tive sorte.” Ela deixou de se prostituir e hoje está casada com um ex-cliente. O curioso é que o final dessas histórias reais é sempre feliz. Um estímulo a mais para serem consumidas, seja em forma de blog, seja em artigo, livro ou filme.

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