Peças representativas da história do móvel brasileiro deixam, a partir desta semana, de ser obras de museu para decorar as casas de pessoas comuns. Depois de levarem o prêmio Design do Museu da Casa Brasileira, em diferentes edições, muitos desses objetos viraram parte de uma estratégia de marketing bem pensada: a coleção 2005 da loja paulistana Dpot. Além de peças modernas de designers atuais, a marca relança clássicos de artistas consagrados que fizeram história. Lina Bo Bardi, Paulo Mendes da Rocha e John Graz estão entre as assinaturas da “nova-antiga” coleção. “A história do móvel brasileiro é riquíssima, porém mais conhecida fora do que dentro do País. Achei que era a hora de contá-la”, diz Baba Vacaro, diretora de arte da loja.

Durante seis meses, ela pesquisou o que havia de mais relevante nessa linha do tempo da mobília e foi entrando em contato com as famílias dos artistas. O resultado desse estudo realmente impressiona. Começa com a cadeira de três pernas, de Graz (suíço que chegou ao Brasil nos anos 20 e mergulhou no clima festivo da Semana de Arte Moderna de 1922, expondo sete telas no Teatro Municipal). E termina com a charmosa cadeira Gaivota, de Reno Bonzon, de 1988.

Para o arquiteto Mendes da Rocha, autor da cadeira Paulistano, a iniciativa da Dpot pode ser uma ajuda importante na memória do design nacional. “Enquanto os italianos são muito orgulhosos de suas criações, os brasileiros sabem pouco sobre as suas. Espero que essa coleção ajude a incentivar nosso orgulho”, comenta Mendes da Rocha. Desenhada pelo arquiteto no final dos anos 50 para o deck da piscina do Clube Paulistano, a cadeira homônima é um desses motivos de orgulho nacional. Nasceu da idéia de fundir a tecnologia de ponta da época com parte da cultura indígena brasileira, e hoje é um sucesso no mercado comum europeu.