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DUPLA AFINADA
Aécio e Anastasia: agenda conjunta de inaugurações coincide com crescimento nas pesquisas

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O tucano Aécio Ne­ves vai usar seu lar­go estoque de popularidade em Minas Gerais para um novo e ousado desafio: a candidatura do vice-governador, Antônio Anastasia, como seu sucessor no Palácio da Liberdade. Aécio sabe que boa parte das conquistas de seus dois mandatos se deve ao chamado “Choque de Gestão”, um plano administrativo que recuperou a economia mineira e conquistou até o apoio dos rivais sindicalistas para equilibrar as contas públicas do governo. Anastasia foi o principal gestor desse projeto, desde que assumiu a Secretaria de Planejamento em 2003. São credenciais usadas pelo governador para apresentar seu candidato como a melhor opção de continuidade. “O governo não é meu. A administração é Aécio barra Anastasia”, disse o governador na tarde da quarta-feira 27. Nos últimos meses, a receptividade do eleitor tem sido positiva. Até a metade do ano passado, Anastasia era desconhecido do eleitorado e nas pesquisas de intenção de voto patinava na casa dos 4%. Em dezembro, segundo levantamento do Datafolha, ele já somava 10% das preferências. Trata-se de um crescimento substancial para quem jamais disputou uma eleição. “Anastasia é um fenômeno. Saiu do anonimato e em algumas pesquisas feitas inclusive por nossos concorrentes já aparece com 16%”, afirma o deputado Nárcio Rodrigues, presidente do PSDB de Minas.

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O FATOR ALENCAR
O vice-presidente pode ser a novidade da sucessão mineira, numa chapa com o PT

Em um Estado onde o quadro eleitoral ainda se apresenta como um dos mais indefinidos do País, a estratégia traçada por Aécio prevê que Anastasia assuma o governo no final de março, quando ele deixará o cargo para disputar uma vaga no Senado ou retomar um projeto eleitoral nacional. Até lá, o governador vai passar a maior parte do tempo ao lado do vice. “Farei um mergulho em Minas”, diz Aécio. Para os próximos 55 dias estão previstas 30 viagens do governador ao lado de Anastasia. “A grande questão daqui por diante será saber se nós vamos continuar avançando na mesma direção ou se vamos ter retrocessos. E Anastasia é quem garante o avanço das medidas que nós viemos tomando até aqui”, afirmou Aécio na segunda-feira 25, depois de autorizar o início das obras do estádio do Mineirão para a Copa de 2014.

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Professor universitário, filho de uma tradicional família mineira, Anastasia é o que se pode definir como um político discreto. Tímido, sempre trajando ternos bem cortados e avesso aos tradicionais tapinhas nas costas, o vice-governador terá que enfrentar nas urnas adversários já bastante conhecidos do eleitor mineiro. O ex-governador e hoje ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT) ou o atual ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias (PT), que ainda se engalfinham no PT em busca da legenda. Nesse sentido, o papel da dupla Aécio/Anastasia e semelhante ao de Lula/Dilma: a transferência de popularidade de um governante aprovado para um afilhado ainda não habituado às urnas. “Transferir popularidade não é tarefa fácil, mas a diferença entre Anastasia e a ministra Dilma é que ele já provou sua capacidade administrativa”, afirma o cientista político Fábio Wanderley Reis, da Universidade Federal de Minas Gerais. Nem mesmo os petistas discutem a capacidade administrativa de Anastasia. “Vamos fazer uma campanha pós-Aécio, discutindo avanços na área social e sem abandonar o Choque de Gestão”, diz o deputado Virgílio Guimarães (PT-MG), principal patrocinador da candidatura de Fernando Pimentel.

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HÉLIO COSTA
Ministro das Comunicações sai na frente, mas pode não ser candidato

Na terça-feira 26, Aécio e Anastasia cruzaram o Estado para inaugurar um aeroporto na cidade de Capelinha, no Vale do Jequitinhonha, e um hospital em Caratinga, na região do Vale do Rio Doce. O objetivo é tornar a imagem do vice mais visível ao eleitor. O novo desafio de Aécio, no entanto, poderá se tornar ainda mais difícil nos próximos dias. Isso porque, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o propósito de pacificar o PT mineiro e sua coligação com o PMDB, além de dar um palanque forte para Dilma, tem ensaiado a candidatura de José Alencar (PRB) pa­ra o governo de Minas. “A entrada de José Alencar na disputa pode modificar todo o quadro eleitoral. Sua luta contra o câncer o transformou numa espécie de mito. A figura do vencedor”, diz o cientista político Wanderley Reis. Na terça-feira 2, Alencar irá se reunir em Brasília com as bancadas mineiras do PT, PMDB, PCdoB e PSB para dizer se aceita ou não a proposta feita por Lula. Na ocasião, ele espera estar com os resultados de exames médicos que lhe dirão se tem ou não condições físicas para enfrentar uma campanha. “Só aceitarei entrar na campanha se os médicos garantirem que minha saúde permite governar”, tem dito Alencar a seus interlocutores. Enquanto Lula procura uma alternativa em Minas, Aécio tenta finalizar os entendimentos com o ex-presidente Itamar Franco (PPS), que poderá ser o vice de Anastasia. O problema é que Itamar considera Aécio a melhor alternativa do PSDB para a sucessão de Lula e, caso o governador não dispute o Senado, ele, Itamar, sonha com a vaga.


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