Há duas semanas, ISTOÉ denunciou como opera e quem são os comandantes de uma organização criminosa que atua na região leste de Minas Gerais, responsável pelo envio irregular de brasileiros para os Estados Unidos. Só no ano passado, 200 pessoas foram vítimas do esquema. A reportagem, baseada em um depoimento prestado à Polícia Federal, apontava como líder da máfia do tráfico humano o prefeito de São Félix de Minas, Wanderley Vieira da Silva (PT). E revelava, ainda, todos os passos de sua rede de aliciadores. Na quarta-feira 23, a PF promoveu uma busca na casa do prefeito. Wanderley conseguiu fugir, acompanhado de sua esposa, mas deixou rastros preciosos para as investigações batizadas de Operação Tequila. “Está provado o envolvimento dele com a organização criminosa”, garante Rui Antônio da Silva, delegado regional da PF em Governador Valadares (MG).

Com o material apreendido na casa do prefeito fujão, a polícia conseguiu produzir provas suficientes para indiciá-lo. “Encontramos vários comprovantes de depósitos bancários dos EUA para o Brasil, e tudo em nome de Wanderley”, relata um dos investigadores. “Eram depósitos da ordem de US$ 1 mil cada um e outros documentos”, afirma. Como antecipou a reportagem de ISTOÉ, os emigrantes ilegais pagam ao prefeito prestações mensais em torno desse valor depois da travessia.

Agora, a PF aguarda o prefeito aparecer para prestar depoimento. “Na semana passada, um deputado do PT esteve aqui para tentar salvá-lo”, diz um policial. “O parlamentar justificou que Wanderley não fugiu, só sumiu da cidade porque estava com medo de ser preso na frente de seus correligionários”, conta o investigador. “Vários participantes do esquema foram identificados”, diz o delegado Rui Antônio. E completa: “O prefeito pode ser indiciado pelos crimes de estelionato, formação de quadrilha, evasão de tributos e lavagem de dinheiro.”