O TRIUNFO DA COR/ O PÓS-IMPRESSIONISMO: OBRAS-PRIMAS DO MUSÉE D’ORSAY E DO MUSÉE DE L’ORANGERIE/ Centro Cultural
Banco do Brasil, SP/ de 4/5 a 7/7

Final do século 19. Claude Manet (1840-1926) pinta a tela “Impressão – Nascer do Sol” (1972), a partir da qual é nomeado o movimento que irá romper com os preceitos da pintura acadêmica, prescindir do compromisso com o realismo e abrir alas para o século da arte moderna. Essa lição o público brasileiro já aprendeu, quando em 2012 passou por aqui a exposição “Impressionismo: Paris e a Modernidade”, campeã de bilheteria e terceira exposição mais visitada no mundo naquele ano. Chegamos agora ao segundo capítulo da história da arte moderna, com a mostra “O Triunfo da Cor – O Pós-Impressionismo”, no CCBB – São Paulo.

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FLORES ‘
‘Fritilárias Coroa-imperial em Vaso de Cobre”, tela de Vincent Van Gogh, de1887

O termo pós-impressionismo aparece em 1910, na exposição “Manet e os Pós-Impressionistas”, organizada em Londres pelo crítico britânico Roger Fry. Nos trabalhos expostos de Vincent Van Gogh, Paul Gauguin e Paul Cézanne emergem todo tipo de questionamento a respeito do programa impressionista. As divergências em relação ao movimento do final do século 19 são totais. Talvez o único ponto que os novos artistas mantém em comum com a geração anterior é o fato de ter o rompimento como premissa básica. De fato, foi o impressionismo que inaugurou a regra que seria seguida à risca por absolutamente todos os movimentos do século 20: a ruptura com o passado e com as linhas mestras do movimento imediatamente anterior.

Georges Seurat e Paul Signac, por exemplo, rompem com o naturalismo e a preocupação com os efeitos momentâneos de luz, caros aos impressionistas, e inventam uma técnica de composição da imagem a partir da aplicação de pontos justapostos de cores primárias. O pontilhismo de Seurat – que viria a influenciar Van Gogh no uso de cores vivas – orienta o primeiro módulo da exposição dos pós-impressionistas no CCBB, que explora a noção de uma “Cor Científica”.

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CORES
”No jardim de Somssich”, pintuta de József Rippl-Rónai (acima),
”Salgueiro-Chorão”, de Claude Monet (abaixo) e”Mulheres
do Taiti”, de Paul Gauguin (abaixo)

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A cor quente e aberta é a pauta do último módulo da exposição, que apresenta os olhares de Van Gogh para os trigais de Arles, de Paul Gauguin, para a natureza tropical do Taiti, de Henri Matisse, para a luz mediterrânea, e de Paul Cézanne, para a exuberância da Provence francesa. A impressão fugaz da natureza, explorada por Degas, Manet e companhia, é negada por Cézanne, que constrói sua representação do mundo a partir de pesquisas metódicas.

A mostra é composta por quatro módulos, que trazem à luz os caminhos diversos – e muitas vezes divergentes – de Matisse, Toulouse-Lautrec, Seurat, Vuillard, Maillol, entre 32 artistas. Mas os olhares atentos a esta lição da história devem manter-se sobre as principais figuras associadas ao pós-impressionismo: Van Gogh, Gauguin e Cézanne, que estão na origem de diversos movimentos artísticos posteriores. Mas aqui entraremos no terceiro capítulo da história da arte moderna, quando as inquietações artísticas serão tão condensadas e potencializadas a ponto de explodir e se dilacerar em uma miríade de novos movimentos: cubismo, nabismo, simbolismo, expressionismo, dadaísmo…