Os Jogos do Rio serão um espetáculo à parte para os amantes do esporte. Além de presenciar partidas memoráveis, quebras de recordes, histórias de superação e provas de tirar o fôlego, o evento deste ano também será palco da despedida olímpica de verdadeiros deuses. Diversos astros já disseram que se despedem da maior competição esportiva do planeta no Rio de Janeiro, embora continuem se dedicando a projetos esportivos e sociais, como o grande velejador brasileiro Robert Scheidt. Outros avisaram que estes são os últimos Jogos nos quais se apresentam como atletas, mas aceitariam compor equipes técnicas na edição de 2020 – caso do nadador americano Michael Phelps e da saltadora russa Yelena Isinbayeva. Há os que não admitem publicamente a despedida, mas aceitam a passagem do tempo, que pesa no desempenho e pode ser um aceno para o fecho do ciclo, como o jogador de basquete LeBron James, e os tenistas Roger Federer e Rafael Nadal. Mas não é fácil para esportistas dessa envergadura botar um ponto final na carreira – até porque costumam ser pressionados a não abrir o jogo por patrocinadores e técnicos.

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Maior medalhista da história dos Jogos, Phelps, 31 anos, chegou a anunciar sua aposentadoria em 2012, mas voltou em 2014, após uma internação de 45 dias para reabilitação por consumo de álcool. Desde então, não perde um treino e só deve deixar o centro de treinamento por um motivo especial: o nascimento de seu filho, nas próximas semanas. “Quando compartilhar com ele os 20 anos na estrada, poderei dizer que fiz tudo que queria e que coloquei na cabeça que iria fazer. E esse vai ser o melhor sentimento para mim”, afirmou na semana passada, em vídeo publicado no Facebook. No Rio, o nadador voltará a encarar o sul-africano Chad le Clos, oito anos mais novo, que o venceu nos 200m borboleta em Londres, 2012. Depois disso, já negocia trabalhar como auxiliar técnico voluntário na equipe da Universidade Estadual do Arizona (EUA).

Isinbayeva também voltou à ativa exclusivamente para buscar o terceiro ouro no Rio. Ela havia se distanciado das pistas em 2013 para engravidar pela primeira vez. Agora, faz suspense sobre um novo divórcio com os saltos. “Se tudo correr como o planejado, ano que vem estarei em um novo papel, mas ainda não é tempo de dizer qual.” A russa, no entanto, luta contra as dores de uma antiga e recorrente lesão no tendão de Aquiles e seu país corre o risco de não participar das olimpíadas pelos casos de dopagem omitidos pela Federação Russa de Atletismo e descobertos pela Agência Mundial Antidoping (WADA).

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No tênis, a perda pode ser tripla. A número 1 do mundo Serena Williams já tem plano b: está cursando preparatório para a faculdade de medicina. “Também quero ir à África, pelo trabalho que faço com minhas escolas lá.” A atleta criou um fundo de auxílio a vítimas da violência através do acesso à educação. Serena teve até agora o pior início de ano de sua carreira desde 2012. Em março tinha três derrotas – o equivalente ao total do ano passado. Aos 34 anos de idade, lesões no cotovelo e joelho a fizeram encerrar mais cedo a temporada de 2015. Já Roger Federer e Rafael Nadal devem fazer o último combate. Apesar de negar a aposentadoria, Federer, com 34 anos, acaba de sair de uma difícil recuperação pós-operatória no joelho e uma gastroenterite adiou sua volta às quadras em março. Nadal também desconversa sobre o tema, mas admitiu em 2015 que não consegue mais jogar como antes. Em janeiro foi eliminado em Melborne, na pior campanha de sua carreira, e desabafou: “É uma derrota difícil quando você trabalha duro e sente que fez tudo certo, mas a partida vai na direção errada.”

Após a despedida do ídolo do basquete Kobe Bryant, LeBron James admitiu que a saída do amigo e mentor acelerou seus planos de aposentadoria. Ele completa 31 anos em dezembro, tornando-se então um dos mais velhos da liga americana. “Ainda me surpreende quando eu vejo, antes de entrar em quadra, que é meu 13º ano. Penso ‘Wow, onde esses anos todos foram parar?’ Depois, chego em casa e olho meu menino de 11 anos e percebo: ok, aí estão aqueles anos. Então tudo faz sentido.”

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Os brasileiros também terão sua despedida particular, justamente do maior recordista olímpico. Aos 43 anos, o iatista Robert Scheidt já avisou, do alto de suas cinco medalhas olímpicas, que irá se dedicar a projetos sociais após os Jogos. Ele velejará nas olimpíadas na classe Laser, mas admite que “se a Star voltasse, teria condições de competir até 2020.” Menos assertivo, o jamaicano Usain Bolt, uma das maiores estrelas desta edição olímpica, disse em outubro que estava acertando os termos de sua aposentadoria, que poderia vir logo após a Olimpíada. Mas em janeiro postergou a despedida para o mundial de 2017 em Londres.

Fotos: REUTERS/Ruben Sprich; AP Photo/Ben Curtis; Keith Allison AP Photo/Ben Curtis