Foi bom para o Brasil! A expressão espalhou-se como um mantra por todos os cantos do País. O segundo turno das eleições presidenciais abriu espaço para, finalmente, surgirem propostas. O vendaval do mensalão, as trapalhadas dos aloprados, dólares na cueca e nas maletas, a ópera-bufa de um governo errante asfixiaram o debate de projetos concretos. O Lula candidato falava em “perseguição das elites”. A oposição gritava contra a malemolência ética do poder. Agora não. O discurso na boca final das urnas deve ser outro. Lula e Alckmin têm a chance, e o tempo, para expor um real desenho de como pode ser o Brasil dos próximos quatro anos. Desde já, o show de democracia mais uma vez apresentado nesse primeiro turno é digno de nota. Foram 126 milhões de eleitores num território de mais de oito milhões de quilômetros quadrados, sem que se tenha notícia de um crime, uma desordem sequer. Não se viu brasileiro contra brasileiro, violência, pancadaria. No México, para ficar em casos recentes, contaram-se às dezenas os mortos no embate eleitoral. No Brasil, às dez da noite do domingo, dia do voto, já se sabia de 17 governadores eleitos e de outros dez Estados indo para o segundo turno – além de quase todo o mapa de parlamentares do Congresso. Para o brasileiro, esse desempenho soa comum, rotineiro. Mas vale lembrar que na “Meca” democrática dos EUA, ainda hoje, não há eleição sem confusão, sem uma grande bagunça que arrasta a contagem de votos por semanas. Aqui, caminha-se para o segundo turno, para um novo teste eleitoral em menos de um mês, e não restam dúvidas de que o estado democrático, o direito absoluto de escolha do eleitor, será respeitado, dentro do que há de mais ágil, legítimo e eficaz na construção de uma nação socialmente mais justa e economicamente mais viável. Eis os frutos vitais a serem tirados das urnas.


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