Além da revolta da população, do processo de impeachment e da debandada de aliados históricos como o PMDB, a crise política em que a presidente Dilma Rousseff está submersa atingiu a Força Nacional de Segurança (FNS) na semana passada. O coronel Adilson Moreira pediu demissão da instituição militar poucos meses antes dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro e não poupou a presidente. Ele enviou um e-mail a subordinados com duras críticas à Dilma. No texto, afirma que a família exigiu sua saída da FNS. “Não precisa ser muito inteligente para saber que estamos sendo conduzidos por um grupo sem escrúpulos, incluindo aí a presidente da República. Me sinto cada vez mais envergonhado”, escreveu.

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REVOLTA
Acima, integrantes da Força Nacional de Segurança em ação.
Abaixo, o coronel demissionário Adilson Moreira

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Moreira assumiu o cargo de diretor no começo do ano e pretendia permanecer até as Olimpíadas do Rio, mas não conseguiu aguentar mais alguns meses, pois “não foi possível manter o foco na área técnica somente.” No comunicado, ele foi categórico ao afirmar que o governo petista não está, de forma alguma, interessado no bem do País, mas sim em manter o poder a qualquer custo. O coronel admitiu que sempre viveu em “um conflito ético de servir a um governo federal com tamanha complexidade política.”

Essa não é a primeira vez que um funcionário da Força mostra insatisfação com o atual governo. O general-de-brigada do Exército Brasileiro, Paulo Chagas, criticou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, por retirar o processo de investigação que envolve o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva das mãos do juiz Sergio Moro. Chagas afirmou que o gesto de Teori foi “premeditado e até mesmo debatido a portas fechadas.” “O governo estava tranquilo, ante a possibilidade de Lula sair da alçada de Moro”, disse.

“O governo petista não está interessado no bem do País”
Adilson Moreira, coronel da FNS

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A saída de Adilson Moreira e, consequentemente, de toda a diretoria, às vésperas dos Jogos Olímpicos, preocupa o governo. A Força Armada é quem dará todo suporte e proteção ao evento mundial – 10 mil homens serão enviados para dar cobertura às Olimpíadas. Em nota, o Ministério da Justiça afirmou que as declarações do coronel são graves e “podem implicar falta disciplinar e gesto de deslealdade administrativa.” A pasta vai abrir um inquérito administrativo e levará o caso à Comissão de Ética Pública da Presidente da República por ter mencionado o nome de Dilma.

Fotos: Erbs Jr./Frame/Folhapress; Luciano Moraes/ND 


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