Os primeiros passos começaram no fim de 2013, quando o presidente americano, Barack Obama, e o presidente cubano, Raúl Castro, se cumprimentaram timidamente no funeral do líder sul-africano Nelson Mandela. Um ano depois, as negociações secretas, que tiveram até a participação do Papa Francisco, se tornaram públicas e Washington e Havana anunciaram a retomada das relações diplomáticas depois de uma ruptura de 53 anos. No caminho, as embaixadas foram reabertas e, na semana passada, a visita histórica de Obama à ilha caribenha selou de vez a nova fase da relação entre os dois países. 

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Retomada: Obama e Raúl Castro se cumprimentam após encontro em Havana na terça-feira 22

 
“Hoje, como presidente dos Estados Unidos, ofereço ao povo cubano ‘el saludo de paz’,” disse. “Eu vim aqui para enterrar o último vestígio da Guerra Fria nas Américas.” Na agenda dos presidentes, os direitos humanos receberam atenção especial. Em rara coletiva de imprensa, transmitida pela tevê estatal, Raúl Castro negou que haja presos políticos no país. “Se eles existem, estarão soltos antes de a noite chegar,” afirmou. Para Castro, a normalização dos laços só estará completa quando os EUA suspenderem o embargo econômico, que, desde 1962, custou à ilha comunista mais de US$ 100 bilhões, segundo o governo cubano. 
 
Apesar dos esforços de Obama pela retirada das sanções, a decisão final é do Congresso americano, controlado pela oposição. “Destruir uma ponte é fácil, mas reconstruí-la solidamente é uma tarefa longa e difícil,” disse Raúl, que também pediu a devolução de Guantánamo, onde os americanos mantêm uma base naval e uma prisão. Desde o anúncio da retomada das relações, que agora é apoiada pela maioria dos americanos, os EUA retiraram Cuba de sua lista de países patrocinadores do terror, os voos comerciais para a ilha foram retomados e o dólar voltou a ser usado pelos cidadãos e bancos cubanos. Um passo de cada vez.