Ele não conseguiu eleger a filha, e o genro não virou deputado. Mas, mesmo assim, Roberto Jefferson voltou para a política em grande estilo. Na quinta-feira 5, aplaudido de pé na convenção nacional do PTB, em Brasília, o ex-deputado federal cassado no ano passado por falta de decoro foi reconduzido à presidência do partido. Eis um fato inédito: um político com seus direitos cassados volta à instância máxima de sua legenda. Jefferson estará no comando de uma máquina com 900 mil filiados e 22 deputados federais eleitos, famosa pelo clientelismo. “Tenho intimidade com isso aqui”, disse ele. Na convenção, comandou uma manobra de sucesso, a incorporação ao PTB do Partido dos Aposentados da Nação (PAN). Isso valerá ao partido um porcentual de votos suficiente para manter participação no fundo partidário e o tempo na tevê como exige a cláusula de barreira.

Do alto de seu renovado poder, Jefferson tomou ares de cacique, ditando rumos e definindo comportamentos. “Pelo menos 75% dos meus correligionários estão com Alckmin”, contabilizou. Com os direitos políticos cassados até 2015, Jefferson foi representado na última votação por sua filha, a vereadora Cristiane Brasil (que tentou a Câmara), e por seu genro, Marcus Vinícius (que concorreu à Assembléia Legislativa do Rio). O ex-parlamentar esperava carrear votos para os dois, mas não teve sucesso. Resignou-se: “A vontade do eleitor é soberana.” E diz que não pretende voltar a disputar uma eleição. “Não quero mais mandato eletivo, mas a política eu não vou abandonar.”

Na convenção foi homenageado com palmas por três vezes. “Conheço isso tudo intimamente”, gabava-se. Uma de suas ocupações como líder partidário é administrar a atuação do PTB na disputa do segundo turno à Presidência. Jefferson já fez sua escolha. O homem responsável pelo vendaval que abalou o governo Lula vai apoiar Geraldo Alckmin (PSDB).