Visto por mais de 48 milhões de pessoas no mundo, o musical “Wicked” estreia na sexta-feira 4, em São Paulo, tendo faturado quase US$ 4 bilhões em pouco mais de uma década de existência. A versão brasileira, realizada pela produtora Time For Fun, chega ao palco do Teatro Renault na capital paulista com cenário maior que o original, efeitos especiais de tirar o fôlego e o papel principal conquistado com lágrimas, suor e muito pigmento verde pela atriz revelação Myra Ruiz (leia ao final da reportagem).

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A eleita: Myra Ruiz como Elphaba, a vilã de “O Mágico de Oz”
que tem a origem da maldade explicada 
em “Wicked”

 
Uma das boas explicações da crítica internacional para o sucesso do musical não está nos efeitos especiais nem na potência de sua maquinaria de cena. Mas, sim, no fascínio causado pelo argumento que trata da gênese da maldade. “Wicked” conta a história que antecedeu a narrativa clássica “O Mágico de Oz”, de L. Frank Baum, só que do ponto de vista de sua antagonista, a Bruxa do Oeste. Na aventura original da menina levada por uma tempestade a um reino improvável somos apresentados a uma ardilosa Elphaba. 
 
Em “Wicked”, fica-se sabendo como uma menina transforma-se em uma criatura agressiva e desconfiada depois de passar a vida 
se sentindo discriminada por ter nascido com a tez cor de esmeralda. Baseado no best-seller homônimo de escritor Gregory Maguire, a montagem leva aos palcos, portanto, a origem de uma vilã, como o filme “Malévola”, da Disney, que revela as crueldades sofridas pela também bruxa do título até se tornar a madrinha ressentida que joga uma praga na filha do rei, seu cruel ex-amante. 
 
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Presença de palco: A montagem brasileira tem um cenário de 559 toneladas.
Ao centro, Glinda (Fabi Bang) e Elphaba (Myra Ruiz) em cena

 
Mas “Wicked” traz no enredo um contraponto: a genealogia do bem, encarnado por Glinda, a feiticeira boa da história de de L. Frank Baum. Também bruxa e também menina, mas nascida linda, Glinda é, ao contrário de Elphaba, aceita e querida, não tendo dificuldades de seguir uma vida social plena e afável. O papel mais disputado, claro, foi o da menina que se torna vilã. Para a montagem brasileira, a fase final teve mais de 300 candidatas com as múltiplas habilidades exigidas para um musical: canto, interpretação e fôlego. Na Broadway, Elphaba ganhou vida na voz de Idina Menzel, que viu uma grande guinada na carreira a partir do papel da bruxa que nasceu boa. 
 
O espetáculo tem hoje montagens em cartaz em Nova York, Londres e Austrália e percorre duas turnês: uma pelo Reino Unido e outra por cidades dos Estados Unidos, onde é recordista de bilheteria, tendo batido os US$ 3 milhões em apenas uma semana de apresentações. Ele fica em cartaz em São Paulo por três meses. O sucesso de público pode prorrogar a temporada da peça que, não por acaso, foi chamada pelo jornal New York Times de “o maior blockbuster da Broadway”.
 
 
Atriz foi escolhida entre 2 mil candidatas
 
Myra Ruiz assistiu a “Wicked” seis vezes na Broadway, em Nova York. “E da última, já sabendo que tinha sido escolhida”, comemora a cantora, atriz e bailarina paulistana. Ela concorreu com outras 2 mil candidatas ao papel de Elphaba, que define como um trabalho de atleta. Formada pela Professional Performing Arts School, de Nova York, Myra de 23 anos, apesar da pouca idade, tem um currículo respeitável, tendo sido escolhida para musicais como “Mamma Mia!” e “Fama”. “Mas esse é sem dúvida o mais desafiante”, diz ela, que permanece quase todo o espetáculo em cena, cantando. “São quase duas horas e meia de apresentação e sete espetáculos por semana. Terei de cuidar do fôlego.”
 
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Créditos das fotos nesta matéria: Divulgação