Desta vez foram 75 pacientes. A maioria respondeu de forma extraordinária a um tratamento pioneiro contra a leucemia que usa as próprias células de defesa do corpo como arma contra o tumor. A terapia foi aplicada no Centro de Investigação para o Câncer Fred Hutchinson, nos Estados Unidos, e seus efeitos divulgados na segunda-feira 15 durante encontro científico em Washington. No final do ano passado, o mesmo tratamento garantiu chance de vida à Layla, à época com um ano de idade e diagnosticada com uma forma da doença resistente até então a todos os tratamentos. Ela foi tratada no GreatOrmond Street Hospital, em Londres, na Inglaterra, tornando-se a primeira paciente do mundo a ser submetida ao método.

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AVANÇO
No alto, Layla, a primeira paciente. Abaixo, O responsável pelo estudo, Stanley Riddell

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As células em uso são os glóbulos brancos. Eles têm, entre outras funções, a de reconhecer e atacar células doentes. Mas em vários casos, pela falência do sistema imunológico diante da agressividade do tumor, eles perdem essa capacidade. A solução criada pelos médicos foi a de retirar parte dessas células, modificá-las geneticamente de maneira que passassem a atacar com mais potência, e infundi-las novamente. 

No tratamento feito com americanos, 35 doentes apresentavam leucemia linfoblástica aguda. Em 90%, a doença regrediu. Outros 40 tinham dois outros tipos (linfoma não-Hodgkin e leucemia linfocítica crônica). Mais de 80% responderam favoravelmente ao tratamento. O responsável pelo estudo, Stanley Riddell, entusiasmou-se. “São resultados sem precedentes”, disse. Riddell é um dos mais reconhecidos pesquisadores desta linha de tratamento, chamada deimunoterapia. E ele próprio considera que, apesar do grande avanço, é preciso caminhar mais para que o tratamento fique disponível. Um dos objetivos é diminuir os efeitos colaterais, alguns severos, e o risco de mortalidade que a terapia embute. Dos 35 doentes, dois morreram por causa dos danos provocados pelo tratamento.