Depois de se debruçar sobre pesquisas qualitativas que apontaram que, não só o PT, como toda a classe política tem sofrido desgastes com a crise, a oposição resolveu se mover. Na última semana, o PSDB entregou uma lista de oito projetos considerados prioritários pelos oposicionistas ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Ao apresentar as propostas, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), sublinhou que o partido sempre soube “diferenciar os equívocos do governo dos interesses do país”. Apesar de não enxergar na presidente Dilma as condições mínimas para liderar o processo de retomada do crescimento do País, a oposição cobra do governo agilidade no envio de propostas concretas para as reformas previdenciária e tributária. Ainda estão entre as proposições a Lei das Estatais, a restrição de cargos comissionados na administração pública e a abertura para que outras operadoras, que não a Petrobras, explorem os blocos do pré-sal. Trata-se de uma estratégia que coloca o governo numa sinuca de bico, pois a oposição tem ciência de que os projetos ou sofrem resistência no PT, como é o caso da reforma na Previdência, ou encontram obstáculos no próprio Planalto, a exemplo do corte nos cargos comissionados, que Dilma já chegou a prometer e não cumpriu. Se, por um acaso, o governo vir a implementá-las, a oposição poderá faturar politicamente, como idealizadora dos projetos.

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AFINADOS
Lideranças de partidos contrários ao governo se reúnem
para discutir apoio a projetos benéficos ao País

Embora tenha passado a adotar uma linha mais propositiva, isso não significa que a oposição vai abandonar a fiscalização permanente e as críticas à gestão petista. Num jogo combinado, esse papel caberá não apenas mas principalmente ao DEM. Na tentativa de afinar o discurso, o líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM), convocou uma reunião em seu gabinete entre os oposicionistas. Participaram do encontro o líder da minoria Miguel Haddad (PSDB-SP), e os líderes Antonio Imbassahy (PSDB-BA), Rubens Bueno (PPS-PR), Paulinho da Força (SDD-SP) e Fernando Bezerra (PSB-PE). “Quem ganha a eleição, governa. Quem perde, faz oposição, fiscaliza. Ninguém quer ajudar o governo”, disse o líder do DEM. 

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