Uma das mais longevas dinastias familiares pode estar prestes a acabar. Em entrevista concedida na semana passada ao jornal uruguaio “La República”, o ex-presidente do Uruguai, José Mujica, disse que o líder cubano Raúl Castro decidiu se aposentar. E comparou a situação do ditador cubano com a sua própria condição. Aos 80 anos, Mujica afirmou que, se continuasse na política, estaria antecipando o seu fim. “Entre a honra e a vida, prefiro a vida”, disse o ex-guerrilheiro tupamaro, que, em abril, deve renunciar à sua cadeira no Senado para ceder espaço à nova geração. Provocado pelo repórter, Mujica afirmou: “Fidel já saiu do governo faz um tempo. E Raúl também vai, já tem a decisão tomada e está com 85 anos (ele, na verdade, fará aniversário em junho). Por quê? Porque com a biologia ninguém pode, temos que respeitá-la porque ela é determinante.” Em janeiro, Mujica esteve em Havana, onde se reuniu com Fidel. Na ocasião, disse que o socialista estava melhor do que da outra vez que o havia encontrado.

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HORA DE SAIR
A família Castro controla a ilha desde 1959. Com o fim da dinastia,
país pode passar por uma verdadeira revolução 

Raúl Castro não se pronunciou sobre as declarações, mas, em 2013, indicou que renunciaria ao poder em 2018. Assim que ele foi eleito pela Assembleia Nacional para um segundo mandato de cinco anos, os deputados nomearam Miguel Diaz-Canel, hoje com 55 anos, como primeiro vice-presidente e possível sucessor. A substituição de Raúl por Diaz-Canel representaria o fim de uma dinastia política que controla a ilha desde a Revolução de 1959. Alçado à Presidência em 2008 depois da renúncia do irmão Fidel, Raúl assumiu o cargo com a expectativa de modernizar a ditadura cubana. Nesse período, realizou reformas na agricultura e no comércio e estimulou a iniciativa privada. As ações, porém, não foram suficientes para desencadear uma verdadeira transformação. Há mais de um ano, a ilha retomou as relações diplomáticas com os Estados Unidos, que ainda mantêm o embargo econômico. Com a saída dos Castro do poder, uma nova janela pode ser aberta para Cuba.

Foto: Alejando Ernesto/AFP 


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