12/02/2016 - 20:00
Onipresente em São Paulo e no Rio de Janeiro, Sabrina Sato brilhou. É fato: não tem mais quem a supere na batalha das musas do Carnaval. Houve quem dissesse que ocupou definitivamente o trono deixado por Luma de Oliveira. Rainha das baterias da Gaviões da Fiel e da Vila Izabel, a musa arrebatou o público nos dois sambódromos. Sabrina começou cedo a maratona carnavalesca, em São Paulo, ainda recebendo felicitações pelo seu aniversário de 35 anos. O ex, João Vicente de Castro, foi o primeiro a telefonar quando ela ainda descansava em casa, em meio a dezenas de buquês de flores e presentes. “Ele ligou 23h59”, ria a apresentadora da Record, no seu primeiro pit-stop, no camarote Bar Brahma. “Sou noiva em fuga, meu bem. Quando a coisa começa a ficar séria, eu fujo do compromisso”, brincou ela, enquanto comentava, com olhos nipo-dissimulados, as incansáveis investidas do humorista do Porta dos Fundos por uma reconciliação.
Travessia
Nem os problemas de saúde e a dificuldade de locomoção lhe tiraram o ânimo de ir ao sambódromo de São Paulo. Homenageado pela escola Tom Maior, Milton Nascimento passou pelo Camarote Bar Brahma e contou da emoção de ser tema de enredo:
ISTOÉ – O que mais o emocionou ao ver sua história na avenida?
Milton – Tudo! Não esperava. Fiquei de uma maneira que nem imagina. Quando ouvi o samba enredo, foi uma emoção que já nem sei mais o que faço da minha vida (risos). Foi uma das coisas mais lindas que ouvi.
ISTOÉ – E o momento de crise e corrupção? Acha que o Brasil tem jeito?
Milton – Se não tivesse, eu já não estaria mais aqui (risos). Claro que o Brasil tem jeito. A questão é que vai demorar um pouquinho, mas tem jeito sim. E é Carnaval… quero sair daqui ainda pulando e cantando…
Campeã com fé
O canto de fé da menina dos olhos de Oyá levou a Mangueira à vitória do Carnaval 2016, após 14 anos de jejum. Mas, para a homenageada, Maria Bethânia, viver a experiência de ser campeã nem mesmo lhe ocorreu enquanto desfilava na Marquês de Sapucaí, na segunda-feira 8. “Não pensei nisso”, disse a cantora. Preferiu tentar descobrir por que foi a escolhida. “Por que a Mangueira pensou em mim? Acho que não sou eu, o enredo da Mangueira, é a Menina dos Olhos de Oyá. É o meu orixá. Lindo a Mangueira me escolher nessa representação.” Com Bethânia, Mangueira “é” mais que um canto de fé, como no velho samba.
Axé contra virose
A maratona do carnaval baiano acabou mais cedo para Ivete Sangalo. A diva do axé precisou interromper a agenda em Salvador por conta de uma virose e uma infecção intestinal. “Estou bem”, postou ela, na cama de sua casa. Por isso, Ivete não participou do tradicional arrastão da Quarta-Feira de Cinzas. Decidiu se cuidar para o show que faz em um camarote no Rio de Janeiro, no sábado 13.
“Surreal”
Tim Burton se jogou na Sapucaí. “É a coisa mais surreal que eu já vi. Nada ultrapassa o surrealismo do Carnaval”, disse. Dali (sim, como um Salvador Dali), ele tirou a melhor impressão da primeira vinda ao Brasil. “É um país artístico. É senso comum dizer isso, mas é apaixonante. Estou feliz de estar aqui”. O cineasta quer conhecer José Mojica Marins, o Zé do Caixão. “Eu o assistia nos Estados Unidos. Era como uma alucinação, e o que me impressionava é que mostravam de dia na tevê”. Tão surreal quanto o Carnaval, só mesmo “o teste de Michelle Pfeiffer para a Mulher Gato”. Para o diretor de “Edward Mãos de Tesoura”, foi um dos momentos mais impressionantes que ele viu em uma atriz: “ Foi quando ela colocou um pássaro vivo na boca e ele saiu voando”. A cara dele…
Luxo de R$ 70 mil
A fantasia de R$ 70 mil transformou Paloma Bernardi em loura-Rapunzel, arrastando madeixas platinadas e esvoaçantes no desfile da Grande Rio, no sambódromo carioca. Com um longo aplique para representar o troféu Teresa Herrera, conquistado pelo Santos em 1959 na Espanha, a atriz foi rainha da bateria da escola, que homenageou a cidade de Santos, na Marquês de Sapucaí. “Estava representando o grande troféu da bateria. Toda trabalhada em ouro!”, brincou Paloma, que trocou a Globo pela Record para estrear como vilã na nova novela bíblica da emissora, “Josué e a Terra Prometida”, que sucede “Os Dez Mandamentos”. “Pela primeira vez, me vi loura e adorei!”, disse. A fantasia foi criada pela estilista Michelly X. “Ela arrasou. Era uma fantasia moderna e diferente.” Luxo para cair na folia.
Au revoir
Enquanto o Cônsul Geral da França em São Paulo, Damien Loras, abriu o desfile da Vai Vai, que celebrou o país com o enredo “Je suis Vai Vai”, sua mulher, Alexandra Loras, esbanjou simpatia no abre-alas da escola paulistana. Convidado do CEO da AccorHotels, Patrick Mendes, no camarote Bar Brahma, o casal está de malas prontas. Damien confessou-se triste em deixar, em agosto, o Brasil, onde vive desde 2012. Novo destino? “Indonésia, talvez, ou algum lugar da Europa”. Com chave de ouro, au revoir.
Camarote cidade maravilhosa ISToÉ
Verde, rosa e careca
A porta-bandeira da Mangueira virou símbolo da escola campeã e deu o tom da vitória verde e rosa. Squel surpreendeu ao aparecer careca no papel de filha de santo. Porém, era ilusão de ótica: a sambista não raspou o cabelo. Ela usou uma imperceptível touca de látex.
Deixa o bloco passar
No camarote Cidade Maravilhosa/ISTOÉ, o presidente da Embratur, Vinícius Lummertz se divertiu, mas não tirou a cabeça dos problemas. Na área dos investimentos, diz que o chamado custo Brasil “tem que sair da frente para os negócios passarem.”
As primas alemãs
A atriz Sílvia Buarque de Hollanda apresentou o Carnaval carioca às duas primas que foram descobertas quando seu pai, o cantor Chico Buarque, pesquisava a existência de parentes na Alemanha para o livro O Irmão Alemão, lançado ano passado. “Kerstin é filha do meu tio (Sérgio Ernest, que morreu antes de Chico localizá-lo) e a Josepha é filha dela”, explicou Silvia. Kerstin é vendedora de loja e Josepha é bióloga. Elas estavam encantadas com a folia carioca e acompanhavam a prima brasileira na torcida pela Mangueira, que acabou vencendo. “É a escola do coração, onde desfilei junto com Tom Jobim quando homenagearam meu pai”, contou Sílvia.
Doente do pé
Não foi fácil para o prefeito Eduardo Paes (PMDB) comandar o Carnaval carioca com uma bota robocop no pé direito, fraturado quando ele dançava em uma festa de fim de ano, na prefeitura. Mas o prefeito esforçou-se para não integrar o bloco doente do pé. Afinal, Paes gosta de samba.
Desfilou na Portela, beijou mão de porta-bandeira e visitou camarotes. Na foto abaixo, confraterniza-se com Caco Alzugaray, presidente executivo da Editora Três, o deputado federal Carlos Sampaio, líder do PSDB na Câmara, e o jornalista Chico Pinheiro. Paes defendeu a folia de Momo: “Tem gente que acha Carnaval supérfluo. Não só é a mais forte manifestação da nossa identidade cultural como aquece a nossa economia.” O prefeito rasga a fantasia em sua página no Facebook: “Que orgulho governar uma cidade que tem Mangueira, Portela, Salgueiro, Imperatriz e outras tantas agremiações!” Para ele, o Carnaval 2016 no sambódromo foi “o mais bonito de todos.”
Tudo ou nada
Em clima de “Ou Tudo Ou Nada”, a peça que protagoniza no Rio, a atriz Patrícia Faria curtiu o Carnaval no camarote Cidade Maravilhosa/ ISTOÉ, e disse que o momento brasileiro é caótico e bom, ao mesmo tempo. “Corrupção sempre existiu. Precisávamos encarar isso para reprovar fortemente. Estamos tomando consciência, acredito que vamos votar melhor”, disse ela, acompanhada do marido, o empresário Wagner Pontes. A próxima temporada do espetáculo será em São Paulo.
Quase…
Por um décimo a luxuosa águia da Portela não voou para o título de campeã do carnaval carioca. Obteve a mesma pontuação da Unidos da Tijuca, mas ficou em terceiro no desempate. O enredo que cativou o público fala sobre voar nas asas da poesia.
"A Mangueira merece"
O cantor Zeca Pagodinho, que desfilou na Portela, está sempre deixando a vida levá-lo. Portelense de coração, não se deixou abater porque a escola não levou a taça. Ele falou à ISTOÉ sobre seu novo projeto, um DVD para apresentar os parceiros, entre eles o autor do samba “Deixa a vida me levar”, sucesso em sua voz:
ISTOÉ – Gostou do resultado do Carnaval?
Zeca Pagodinho – Bem bacana, a Mangueira merece. Mas o meu resultado é que estou empenado de tanto andar naquela avenida (Sapucaí) para cima e para baixo. Acabou comigo!
ISTOÉ – Quais são os planos para 2016?
Pagodinho – Sou de paz e amor. Não gosto de briga. Quero que o ano seja de luz para todos. Estou animado, vou trabalhar com amigos. Vou reunir os compositores com quem gravo e apresentar no DVD “Quintal do Pagodinho”, que será gravado em Xerém (RJ). Tem gente que acha que a música “Deixa a vida me levar” é minha, e não é. O autor é o Serginho Meriti. São meus amigos, quero mostrar a cara deles. Viraram artistas e não me pedem mais dinheiro para consertar a geladeira… (risos)
Abrindo alas… e as bolsas de apostas
O bicampeão olímpico do vôlei Maurício Lima trocou Salvador, onde costuma passar o Carnaval, pelo Rio. Ele desfilou pela União da Ilha, com enredo sobre os jogos olímpicos. “Espero que, de legado, tenhamos, no mínimo, transporte, saúde e segurança melhores. Participei de cinco olimpíadas e sei como é importante esse retorno”, lembra o atleta. E faz suas previsões para o vôlei: “Espero de quatro a seis medalhas, mas não digo se serão de ouro. No vôlei masculino temos um time muito bom, mas não é favorito.”
Só na grade
O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) sentou-se sobre uma grade do camarote Cidade Olímpica para ver bem de perto a sua escola, a Mangueira, que ganhou a disputa. Mas seu principal objetivo era apoiar o “lançamento popular” de um candidato em outro tipo de disputa: Pedro Paulo, de seu partido, que concorre na briga pela prefeitura do Rio nas eleições deste ano.
Mulher Melão funkeira
Ela nasceu na Sapucaí, como costuma dizer. “Em 2008, eu saí no abre-alas da Vila Isabel com os seios maiores do que o carro alegórico. Fiquei famosa!”, diverte-se Renata Frisson, conhecida como a Mulher Melão. De lá para cá, virou funkeira e, agora, anuncia que vai gravar uma música nova este ano. “O funk ganhou força e respeito”, diz a musa da Grande Rio e rainha da bateria da Inocentes de Belford Roxo, onde desfilou com uma fantasia de cristais Swarovski. “Custa mais que um carro importado”, advertiu. Renata causou espanto ao despir-se para trocar de roupa na dispersão da Sapucaí, logo após dar seus últimos passos para a plateia na Praça da Apoteose. Seus “nudes”, a Mulher Melão postou sem medo ser feliz nas redes sociais.