Maior deserto de clima quente do mundo, o Saara é uma vastidão de mais de 9 milhões quilômetros quadrados que se estende do Leste ao Oeste do Norte da África. Inóspito, quente e lar de poucas tribos nômades, pouca gente vive por ali, onde o sol brilha de forma incessante e inclemente mais de 80% dos dias do ano. Apesar de todas essas características, a constante instabilidade política, as guerras recentes e as dificuldades logísticas impediram que um de seus maiores potenciais fosse explorado de forma eficaz. Ao menos até agora.

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MAR LUZ
Na usina de Noor mais de 500 mil espelhos foram instalados no meio do deserto  

Na última semana isso começou a mudar com a inauguração da Noor 1, a primeira fase desta que se tornará a maior usina de produção de energia solar do planeta. Localizada a 160 quilômetros de Marrakesh, no Marrocos, a Noor é a primeira experiência em larga escala na produção de energia solar neste que talvez seja o melhor local do mundo para se instalar uma usina deste tipo. Capaz de produzir 160 megawatts, a Noor vai abastecer uma população de 650 mil pessoas em um primeiro momento. Quando estiver completa, em 2018, sua capacidade de geração vai subir para 580 megawatts e será capaz de atender mais de 1 milhão de pessoas.

A primeira fase da empreitada está sendo considerada um sucesso por duas ra zões. A primeira foi a capacidade do governo marroquino em atrair financiamento de uma série de fundos de investimento em energia renovável. Apenas a Noor 1 consumiu US$ 3,9 bilhões e as duas usinas que ainda serão construídas vão custar cerca de mais US$ 5 bilhões. “Nós estamos provando que podemos atender os compromissos de redução de emissão de carbono”, afirmou o ministro de energia do país, Abdelkader Amara.

A segunda razão é o uso de um ambiente tão inóspito como o Saara para produção de energias renováveis. Tanto na energia solar quanto na eólica há uma preocupação crescente com o uso de grandes áreas, que poderiam ser utilizadas para a produção de alimentos. Apenas na primeira fase da Noor, mais de 2,5 mil hectares foram utilizados para a instalação de 500 mil espelhos. Em áreas densamente povoadas isso seria um problema e tanto. No meio do deserto virou uma solução. 

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