Na última semana, ISTOÉ revelou que por trás da morte do ciclista Cláudio Clarindo, um dos melhores do mundo, havia mais do que um motorista adormecido ao volante. Testemunhas disseram à reportagem que o responsável pelo crime, Gabriel Bensdorf Aguiar de Oliveira, 24 anos, vinha, minutos antes do atropelamento, cometendo uma série de imprudência pela rodovia, inclusive excesso de velocidade e ultrapassagens proibidas. Muitos presenciaram a cena, mas até então a polícia nada tinha feito para confrontar a versão apresentada por Oliveira. Depois da reportagem, as coisas mudaram.

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CRIME
A polícia não procurou saber se havia câmeras no local do acidente. Também não houve perícia

Na segunda-feira 1, quatro testemunhas foram ouvidas no 1º Distrito Policial de Santos. Um casal que estava próximo ao carro do motorista confirmou a versão de que ele teria feito as ultrapassagens proibidas que causaram o acidente. “O casal ouvido disse que ele havia ultrapassado em local proibido”, afirmou o delegado Pedro do Anjos, titular da 1ª DP. O ciclista Alexandre Bergamo, que estava no local do crime, disse à ISTOÉ que percebeu a movimentação perigosa. “Ele perdeu o controle e veio para cima da gente.” Bergamo, que também depôs à polícia, disse ainda que a falta de peritos na rodovia prejudicou as investigações. “Eles não puderam avaliar se o asfalto tinha marcas de brecada”, diz. “É muito superficial fazer o teste do bafômetro (no motorista acusado), um exame de sangue apontaria um resultado mais exato.”

Os novos depoimentos, porém, não são suficientes para mudar o rumo das investigações, segundo o delegado responsável Max Pilotto. O motorista Gabriel deverá ser oficialmente indiciado por homicídio culposo e lesão corporal culposa assim que forem concluídos os laudos técnicos. “Nada mudou, os depoimentos são apenas para embasar o inquérito”, diz Pilotto. A única testemunha que falta ser ouvida é o ciclista Jacó Amorim, internado na Unidade de Terapia Intensa do Hospital Santo Amaro, do Guarujá. Questionado sobre o envio de imagens de câmeras da rodovia, Pilotto afirma não saber se o trecho é monitorado. “Não sei se há câmeras de segurança. Toda prova é importante, mas não vão alterar a investigação.”