Depois de vivenciar três décadas de democracia e agora mergulhado em uma aguda crise política, econômica e ética, era de se esperar que o Brasil chegasse em 2018, ano de eleição presidencial, vislumbrando novas lideranças nacionais. Pelo menos é isso o que ocorre nas maiores democracias quando a classe política como um todo perde credibilidade junto ao eleitor. Não é, porém, o que se observa até agora no cenário brasileiro. Nas conversas reservadas com os principais atores políticos do País, ensaia-se para 2018 um enredo eleitoral com um grande número de candidatos, todos eles de alguma forma já conhecidos e, salvo aqueles que podem ser definidos como exóticos ou radicais, todos muito parecidos entre si. A lista de pré-candidatos não é pequena e contempla oportunas e oportunistas trocas de legendas. Só não há até aqui é muita clareza sobre qual projeto cada um deles pretende apresentar para o Brasil.

No campo oposicionista, o mineiro Aécio Neves (PSDB), dado ao capital político acumulado em 2014, surge como alternativa mais viável e natural. Mas, entre os tucanos, Geraldo Alckmin e José Serra só pensam naquilo. O primeiro já manifestou a alguns interlocutores que poderá, com tranquilidade, ingressar no PSB caso não encontre espaço em seu atual partido. E Serra não esconde o romance que vem mantendo com o PMDB, seja para ser ministro de Michel Temer em caso de impeachment de Dilma, seja como candidato a presidente. O problema é que o partido já trata

o prefeito do Rio, Eduardo Paes, como o preferido para a disputa. Também muito conhecido pelo eleitorado, Ronaldo Caiado tenta consolidar a candidatura em nome do agronegócio. Outro velho novo nome é o de Marina Silva, agora com o seu partido (Rede) já autorizado a disputar com a própria identidade. E lá na ponta direita dos presidenciáveis dificilmente alguém irá tirar a vaga do falastrão Jair Bolsonaro. Mas esse pouco irá interferir.

Há ainda a turma da chapa branca. Treze anos depois de chegar ao poder e já com 36 anos de idade, o PT não conseguiu formar um líder capaz de ocupar o espaço de Luiz Inácio Lula da Silva. E tudo indica que apesar do desgaste pelos casos de corrupção que o rodeia, o veterano metalúrgico vá para sua sexta campanha presidencial. Entra na briga para tentar proteger a biografia, mas muito mais fragilizado do que nas disputas anteriores e ninguém sabe dizer se apresentar-se-á como o “revolucionário” de 1989 ou como o “Lulinha paz e amor” de 2002. Também não deverá começar o jogo com os velhos 30% de eleitores até 2014 cativos do PT. Depois do Mensalão, do Petrolão e de Dilma, o partido com certeza baixou o piso de simpatizantes. Para ajudá-lo nos embates poderá contar com a língua afiada e nem sempre certeira do ex-ministro Ciro Gomes. Na ponta esquerda os velhos PSTU, PSol e PCO podem trazer nomes ainda não conhecidos. Mas isso também pouco vai interferir.