Um parente distante pode explicar como os ancestrais dos dinossauros sobreviveram ao período Permiano-Triássico, há cerca de 250 milhões de anos, quando os níveis de oxigênio na atmosfera eram muito baixos. Cientistas da Universidade de Utah, nos EUA, descobriram que os crocodilos possuem um sistema respiratório parecido com o das aves. Ele faz com que esses animais consigam se oxigenar com bem mais eficiência do que os mamíferos. Crocodilos e pássaros têm o mesmo ancestral dos seres que dominaram o planeta há 2,5 milhões de séculos: o arcossauro. “Os pulmões explicam por que as aves são capazes de voar a grandes altitudes, onde há pouco oxigênio”, diz C.G. Farmer, coordenador do estudo publicado na revista científica “Science”. “Provamos que os crocodilos também são eficientes na troca de gases, o que sugere que o ancestral comum dos dois tivesse tal capacidade.”

Órgãos respiratórios tão eficientes podem ter sido decisivos numa era em que os níveis de oxigênio na atmosfera ficavam em 12% – para se ter uma ideia, hoje eles chegam a 21%. Essa vantagem teria feito os arcossauros prevalecerem diante dos sinapsidos, ancestrais dos mamíferos modernos e que antes eram predominantes na Terra. Para descobrir o funcionamento da respiração desses répteis, os pesquisadores fizeram três testes com crocodilos vivos e mortos. No primeiro, sedaram seis cobaias, introduziram medidores em seus pulmões e checaram o fluxo de ar assim que eles acordaram. No segundo, injetaram ar nos órgãos retirados de animais mortos. Finalmente, inseriram água salgada com pequenas esferas fluorescentes nos pulmões de um espécime morto. O experimento comprovou que, assim como acontece no pulmão de uma ave, o ar segue uma rota unidirecional, entrando e saindo pelo mesmo caminho.

Apesar de considerar que as descobertas são convincentes, a bióloga evolucionista Elizabeth Brainerd, da Brown University, disse ao site da revista “Wired” que a conclusão de que o tipo de pulmão foi determinante para a sobrevivência dos arcossauros é “altamente especulativa”. Para ela, ainda é preciso provar que esse tipo de respiração é mais eficiente na extração de oxigênio da atmosfera. Mais uma vez, não é tão fácil determinar quem dá a última palavra quando se trata de dinossauros.

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