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O som dos motores parecia rasgar a passagem de cada um dos 372 veículos que levantavam poeira no trajeto do rali mais perigoso do mundo. Máquinas impressionantes, comandadas por esportistas dispostos a enfrentar as piores condições, com o propósito de vencer um desafio para poucos. A 32a edição do Rally Dakar encheu os olhos do público que acompanhou a aventura na rota Argentina-Chile. É a segunda vez que a prova acontece na América Latina, nos mesmos países. Terrenos acidentados e pistas sinuosas à beira de precipícios fizeram parte da jornada de nove mil quilômetros, que chegou ao fim no sábado 16, em Buenos Aires. A largada foi em 1º de janeiro, também na capital argentina. Os vencedores foram o francês Cyril Despres, nas motos; o argentino Marcos Patronelli, nos quadriciclos; os russos Vladimir Chagin, Sergey Savostin e Eduard Nikolaev, nos caminhões; e os espanhóis Carlos Sainz (piloto) e Lucas Cruz (navegador), entre os carros. A melhor posição do Brasil foi a do piloto Guilherme Spinelli, que correu ao lado do navegador português Filipe Palmeiro, pela equipe Mitsubishi Brasil, dentro do time JMB Stradale – vencedor do Dakar 12 vezes. Spinelli e Palmeiro alcançaram a décima colocação na classificação geral.

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CAMPEÕES
Sainz e Cruz, os vencedores. O público estava em todas as etapas

Nenhum outro brasileiro ficou entre os dez primeiros na categoria carros na história da competição. Ao cruzar a linha de chegada, Spinelli comemorou: “É sensacional terminar o maior de todos os ralis”, disse. Palmeiro afirmou que “a sensação é de missão cumprida”. O Dakar veio para este continente fugindo de problemas que se tornaram constantes no trajeto de origem – a insegurança da travessia de países africanos. E como o Rally Dakar hoje é uma marca, pode estar em qualquer lugar. “A dificuldade aqui é a mesma da África”, disse à ISTOÉ Dominique Serieys, chefe de equipe da JMB Stradale, 18 Dakar no currículo. “Há até outros obstáculos comprometendo a performance das equipes, como as dunas que se movem constantemente e a altitude.” Um retorno ao continente africano está em discussão entre a ASO (Amaury Sport Organisation), criadora do rali, e as equipes. Rotas passando por Egito e Tunísia são cogitadas. Uma terceira edição na América Latina também.

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E especula-se que o Sul do Brasil ganharia alguma etapa da competição. O turismo e a economia do País agradeceriam. Estima-se em US$ 80 milhões o total movimentado nos dias da edição 2010. Na largada, cerca de 800 mil pessoas se espalhavam pelas ruas de Buenos Aires. O rali por lá é uma febre que só perde para o futebol. A aposentada Virginia Lescano, 52 anos, foi uma das primeiras a chegar ao Obelisco, na Avenida 9 de Julho, por volta das 9 horas – depois da noite de Réveillon.

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FAMÍLIA
A mulher e o filho de Spinelli seguiram a corrida num motorhome. Ao lado, o desafio nas dunas

“É um esporte saudável”, disse ela, grudada à grade de proteção. Para pegar um bom lugar, o mecânico Carlos Vasquez saiu de madrugada de Rosário, distante 260 quilômetros de Buenos Aires, com a família. “Sigo todos os ralis”, diz ele. “E esse é o mais importante de todos.” Ser um esporte família é uma característica dos ralis.

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É comum pais e filhos ou casais correndo juntos. No caso do piloto Guilherme Spinelli, a esposa, Renata, e o filho Gabriel, de 10 meses, acompanharam o Dakar em um motorhome pelas estradas. Quando Spinelli chegava em mais uma cidade do trajeto, lá estavam eles o aguardando. O piloto afirma que o carinho das pessoas que ama é um reforço emocional. “Ajuda a manter a concentração e a relaxar no fim de cada etapa”, disse Spinelli, dois dias antes da largada, com Gabriel no colo, devidamente uniformizado com um macacão igual ao do pai. Se depender da família Spinelli, o Brasil terá tradição no Dakar.

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FEBRE
O rali é o segundo esporte dos argentinos, que vibraram na largada

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