A presidente Dilma empreendeu uma fuga da realidade. No seu mundo imaginário, que ela expressa a todo interlocutor que a procura, o Brasil sai logo da crise, a inflação vai voltar para a meta e seu governo terá novos recursos com a aprovação da CPMF e de uma reforma da previdência que diminuirá o número de beneficiários. Dilma planeja recursos abundantes para o crédito direto usando (de novo) o dinheiro de bancos estatais – injetado nos cofres dessas instituições pelo Tesouro, na virada de ano, como pagamento das pedaladas passadas. Ainda estão nos cálculos da mandatária contribuições generosas de verba pública para os chamados “fundos partidários”. Diz que concederá quase o triplo dos R$ 289 milhões reservados sob essa rubrica em 2014. De onde vai tirar o dinheiro ninguém sabe. Mas, em tempos de eleição, vale tudo. Agora aos fatos: a presidente não conta com maioria folgada para colocar na pauta parlamentar temas espinhosos como previdência ou “imposto do cheque”. Muito menos terá chances de levar a inflação para um índice bem abaixo da metade dos assombrosos 10,67% registrados no ano passado. A carestia – é sabido – vive de um efeito inercial maléfico. A conta de hoje vai pesar na de amanhã. E assim por diante. O processo de negação de Dilma alcança o limite quando ela fala, com ares de conquista, de um programa denominado “Pátria Educadora” em uma nação que teve mais de 53 mil estudantes com nota zero na redação do Enem. No Brasil real, que Dilma não vê e tenta fazer crer que não é culpa sua, a recessão atinge níveis insustentáveis. A pior dos últimos 100 anos! Quase quatro milhões de brasileiros já foram rebaixados da classe “C” para a “D” e “E”, no patamar da miséria. E o desemprego virou a praga da vez, com recordes sucessivos. No Brasil nosso de cada dia, Dilma e seu mentor Lula foram novamente arrolados nas investigações do escândalo “Petrolão” através da delação do ex-diretor da Petrobrás, Nestor Ceveró. Ironia das ironias, os antes arquiinimigos Collor e Lula, além de Dilma, estariam mancomunados para fazerem da BR Distribuidora um território controlado por amigos. E, não fosse pouco, o País pode vir a amargar outro aumento de juros pela frente, encarecendo o cotidiano de cada um. Neste Brasil de dificuldades sem fim, as convicções de Dilma não passam de miragem.