Localizado no meio de uma placa tectônica, o Brasil não é alvo dos temíveis terremotos e tsunamis, mas outro fenômeno natural extremamente perigoso coloca o País no topo de um ranking mundial: os raios. O Brasil lidera a incidência de descargas elétricas no mundo. Em média, 50 milhões de raios atingem as terras brasileiras por ano. Se o horizonte já estava cinzento, deve piorar em 2016. Um estudo realizado pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) prevê um aumento de pelo menos 20% na quantidade de raios no Sudeste e Sul e mais de 10% no Centro Oeste.

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FENÔMENO
As regiões que serão mais atingidas pelas descargas elétricas serão Sudeste e Sul

O culpado desse aumento é o El Ninõ, que neste ano vem mais forte e deve ser o terceiro maior dos últimos 65 anos. Ele é causado pelo aquecimento acima do normal das águas do Pacífico e pela redução dos ventos alísios na região equatorial, afetando o clima no mundo por meio da mudança nas correntes atmosféricas. “Quando o El Ninõ se torna muito forte, como agora, aumenta a chuva forte em parte do Sudeste e Centro-Oeste, por isso mais raios devem atingir essas regiões”, diz Osmar Pinto Jr., coordenador do Elat/Inpe.

Nos últimos três meses 480 mil descargas elétricas atingiram as regiões brasileiras, um aumento de 54% em relação ao mesmo período de 2014. Mas por que tantos raios no Brasil? “O País tem uma extensão grande nos trópicos. O clima é mais quente e, portanto, mais favorável à formação de tempestades”, afirma Rachel Albrecht, professora do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP.

Diante das previsões pessimistas, é importante saber os cuidados básicos para evitar situações de perigo. Como o raio busca o ponto mais alto,árvores e guarda-sóis são os lugares mais perigosos para se esconder da tempestade, pois atraem energia. No caso de estar em um campo aberto, o recomendável é se deitar e manter os pés unidos. Se der para fugir, os lugares mais seguros são dentro de uma edificação ou de um veículo. “O carro é envolto em metálico e forma o que a gente chama de gaiola, o raio passa por toda a lataria e vai embora”, diz Albrecht.