Winston Churchill não ia bem na escola, tinha a saúde debilitada e passou a adolescência se sentindo aquém de todas as expectativas que se possa colocar sobre um jovem inglês. Winston Churchill foi o jornalista mais bem pago do seu tempo, o maior estadista da história da Inglaterra e vencedor do Nobel de Literatura com um livro sobre as suas memórias de guerra. Muitos historiadores sustentam que muito dessa trajetória extraordinária se deve ao fato de o filho de nobre inglês e mãe americana estar nos lugares certos, nas horas certas com a opinião certa.

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GÊNIO
Livro mostra como a personalidade impetuosa de Winston Churchill
foi decisiva para o destino da Europa e do mundo

Boris Johnson, jornalista e prefeito de Londres, ousou colocar mais um volume na longa prateleira de biografias publicadas sobre o político, para dizer que não, não foram as circunstâncias, mas sim o gênio e os instintos de Churchill que o puseram na frente das decisões geopolíticas mais importantes do século XX e o alçaram ao posto de grande líder da humanidade.

Johnson – fotografado na semana passada chegando de bicicleta na estação de metrô da capital inglesa – foi editor da revista “Spectator” entre 2001 e 2008 e prefeito de Londres desde que deixou o veículo. É do ponto de vista das entranhas políticas do coração da Ingleterra, que se mantém como Churchill as criou e deixou, que ele narra passagens cruciais da história da Europa. A reunião de maio de 1940, que definiu que a Segunda Guerra seria disputada entre Aliados e o Eixo, é descrita como só um político que frequentou a mesma Câmara dos Cumuns de onde saíram todos os personagens envolvidos naquele momento que definiu o destino da humanidade. O autor descreve com uma proximidade de testemunha (ele não havia nascido) as manobras de Churchill para que o Reino Unido mantivesse as portas fechadas para Adolf Hitler. “Churchill salvou a nossa civilização e só ele poderia ter feito isso. Ele é a retumbante refutação humana aos historiadores marxistas que consideram que a história é a narrativa de forças econômicas vastas e impessoais”, escreve o autor.

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Com o filtro da personalidade – irrefreável, impulsiva e inclemente –, Johnson escreve as passagens mais divertidas do livro que chega ao Brasil pela Editora Planeta como “O Fator Churchill – Como um Homem fez História.” Entre as frases atribuídas e as que realmente foram cunhadas pelo militar que criou o seguro-desemprego, o autor publica várias, algumas das quais confirmadas por fontes como Sir Nicholas Soames, neto de Churchill. Outras negadas, mas indissociáveis do mito, como a célebre resposta para a parlamentar que o teria certa vez o chamado de bêbado (como invariavelmente Churchill vivia de fato). “Eu pelo menos acordarei sóbrio. Você continuará feia.”

Foto: Yousuf Karsh