Dois importantes estudos apresentados na última semana apontam grande esperança contra a cegueira. Ambos demonstraram avanços no tratamento de doenças da retina – a estrutura do olho responsável pela captação da imagem que será enviada ao cére- Greice Rodrigues bro – que podem levar à perda da visão. O primeiro foi feito por cientistas americanos e europeus e publicado na última edição da revista científica "The Lancet". Doze pacientes participaram do experimento: crianças e adultos que haviam perdido a visão em razão de duas enfermidades de origem genética que provocam a degeneração da retina. O método testado foi a terapia genética. Por meio da técnica, os pesquisadores corrigiram, mesmo que parcialmente, o defeito nos genes responsáveis pelas doenças (leia detalhes no quadro à dir.).

Semanas depois da aplicação, todos os pacientes relataram melhora da visão em ambientes mal iluminados. As crianças apresentaram maior progresso. Elas conseguiram andar facilmente por espaços com obstáculos e pouca luz. "Restaurar a visão de pessoas que não tinham alternativa de tratamento é um grande avanço", afirmou Katherine High, coautora do estudo e diretora do Centro de Biologia Celular e Molecular do Hospital Infantil da Universidade da Filadélfia. No Brasil, os médicos também receberam o resultado com entusiasmo. "É o tipo de notícia que sempre esperamos. Significa uma importante mudança na qualidade de vida dessas pessoas", disse a oftalmologista Andréa Barbosa, da Rede Copa D’Or, no Rio de Janeiro.

O outro trabalho foi apresentado por médicos do New York Presbyterian Hospital e da Universidade Colúmbia, nos EUA. O alvo eram pessoas que também haviam perdido a visão por causa de doenças degenerativas da retina. Para a experimentação, os cientistas implantaram 60 microeletrodos na retina de 15 pacientes. Depois, deram a cada um óculos com uma pequena câmera de vídeo acoplada, além de um microprocessador, preso na cintura. O sistema captou as imagens e as enviou ao cérebro, onde foram processadas (detalhes no quadro à esq.). "Os pacientes puderam distinguir luz na escuridão, ver o alimento em um prato e andar por ambientes desconhecidos", afirmou o pesquisador Luciano Del Priore, professor de oftalmologia da universidade.

arte: edi edson