Assista ao trailer do filme "Invictus":

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VERDE E OURO
Morgan Freeman no papel de Mandela e Matt Damon como Pienaar, capitão do time de rugby: o presidente fez questão de usar a camisa da seleção, tida como um símbolo do apartheid

Há 15 anos, uma copa do mundo que não a de futebol aconteceu na África do Sul. Foi a Rugby World Cup, que reuniu as maiores seleções desse esporte. Esse campeonato mundial entrou para a história porque, por meio dele e da vitória da desacreditada equipe sul-africana, o então presidente Nelson Mandela conseguiu unir o país, prestes a viver um confronto direto entre brancos e negros. Fazia apenas quatro anos que o regime de segregação racial do apartheid havia sido abolido e as desconfianças de ambos os lados da população eram por demais evidentes para não preocupar Mandela na sua ambição de instalar a chamada “rainbow nation” (nação do arco-íris). Com sua astúcia política, o presidente viu no rugby uma possibilidade de unir o país dividido. E conseguiu. Esse momento emblemático conhecido como “o jogo que fez nascer um país” foi resgatado pelo cineasta americano Clint Eastwood no filme “Invictus”, que estreia na sexta-feira 29 no Brasil. Mandela é interpretado com a competência habitual de Morgan Freeman. O capitão da seleção Springbok (majoritariamente de brancos), François Pienaar, foi presenteado com uma bela atuação de Matt Damon, que teve o cabelo tingido de loiro para realçar os traços africânderes dos descendentes de holandeses e alemães. Impossível não se lembrar dos atletas nazistas da Olimpíada de 1936, aposta de Adolf Hitler para provar a superioridade ariana – ele teve de engolir as medalhas de ouro do negro americano Jesse Owens. Ter em mente esse outro episódio da história é fundamental para se perceber a qualidade da liderança de Mandela, ganhador do Nobel da Paz em 1993. Baseado no livro “Conquistando o Inimigo”, do jornalista inglês John Carlin (Editora Sextante), “Invictus” tem muitas passagens definidoras do caráter de Mandela.

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SLOGAN VITORIOSO
Pienaar (Matt Damon, ao centro) guiou-se pela lema: “Um time, um país”

Naquela que serviu de mote para o título do livro, ele diz que passou 27 anos na prisão aprendendo o modo de ser dos africânderes – assim, conseguiria dialogar melhor com eles. É desse diálogo que trata o filme, especialmente aquele travado entre Mandela e o capitão Pienaar. No primeiro encontro, quanexpõe para o jogador o potencial de união do esporte, ele lhe oferece chá e diz: “Essa é uma das boas coisas que a Inglaterra nos legou.” Uma outra, claro, seria a diplomacia. Praticado na época apenas por descendentes dos colonizadores, o rugby sempre foi associado ao apartheid, o que fazia o Springbok ser odiado pelos negros. Mandela aproveitou-se dessa animosidade para conseguir o impossível: fazer o time ser reconhecido por toda a população e, mais do que isso, colocar no ombro da seleção nacional a tarefa de vencer a copa. A estratégia genial de Mandela, percebe-se, desenvolveu- se em dois fronts. Ao aproximar- se dos africânderes, ele apagou de vez a fama de terrorista; ao fazer a maioria negra torcer pelo time, promoveu uma coexistência amigável entre os povos irmãos.Com suas credenciais de hábil contador de histórias, Eastwood transforma tudo isso numa disputa em que é fácil escolher o time. Pelo que se sabe, o projeto é de Morgan Freeman, que há anos tentava rodar a autobiografia de Mandela. Feito depois do admirável “Gran Torino”, filme em que Eastwood implode a ideia do “melting pot” (coexistência de raças) nos EUA atual, “Invictus” soa um tanto ingênuo. Afinal, o racismo e a injustiça social continuam grassando na África do Sul. Mas a copa do mundo de Mandela foi realmente empolgante.

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