“A Palavra Palavra” propõe interessante articulação entre uma exposição individual e as obras do acervo da Carbono Galeria, em São Paulo. Nas paredes da galeria, estão expostas obras de 20 artistas, entre os quais Daniel Steegman, Regina Silveira e Jenny Holzer. No chão, distribuem-se as obras de Jorge Menna Barreto – palavras inventadas, escritas em tapetes de borracha – que interagem com as peças do acervo, comentando-as, ou, como define Menna Barreto, atuando como provocadores. A exposição recria projeto realizado pelo artista para o 32º Panorama da Arte Brasileira (2011, MAM-SP).

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Para o artista, os neologismos funcionam como “disparadores de conversas sobre as obras”, e seu conjunto pode ser interpretado tanto como ferramenta educativa quanto como texto crítico. “Ao mesmo tempo, se distanciam de um texto do gênero em sua subversão da linguagem, que por sua vez as aproxima do texto poético”, define.

O visitante é convidado a criar seu próprio texto e tecer sua teia de relações entre palavras e coisas. É lúdico e surpreendente constatar como a palavra “desaparência” é refletida na obra em vidro, “Sem título”, de Carlos Fajardo. E como “pseuducação” comenta a fotografia de Luiza Baldan, que enfoca uma sala repleta de cadeiras dispostas diante de um aparelho de televisão. Ou como “Escrítica” (foto) é a própria definição de todo corpo da obra da artista norte-americana Jenny Holzer, aqui representada com o trabalho “Blue Laments Arno”, um painel luminoso, usado geralmente para anúncios comerciais, utilizado pela artista como plataforma para expressar poemas de amor. A obra tem edição de 25 cópias, desenvolvida especialmente para a galeria, assim como os outros múltiplos.