Quando Chico era Francisco Buarque de Hollanda, isso lá pelos seus 19 anos no início da década de 1960, vez por outra ele dormia numa quitanda no centro de São Paulo, chamada Sem Nome. Nos fundos da quitanda ele bebia, no banco da quitanda ele dormia, e nas paredes da quitanda escrevia a lápis letras geniais de suas músicas como, por exemplo, “a moça feia debruçou na janela/pensando que a banda/tocava pra ela”. Isso não consta do documentário “Chico – Um Artista Brasileiro”, de Miguel Faria Jr., que entrou em cartaz em todo o Brasil na quinta-feira 26. Não consta, mas bem que poderia constar: se Chico abriu a voz e o coração para Miguel é porque, desde essa época de juventude, eles são muito amigos. Aí está uma das razões do filme ser excelente, além, é claro, do talento de ambos, cada um em sua arte. Cadê o Chico reservado? Até de assuntos particulares, para os quais sempre emudeceu, com Miguel ele falou: enorme a falta que sente de Marieta Severo.