A Livraria Cultura, em São Paulo, foi alvo de ataques nas redes sociais e de campanha de boicote após o protesto contra o prefeito Fernando Haddad (PT), e o ex-senador Eduardo Suplicy. Os dois foram xingados em um debate na loja, no dia 23. Pedro Herz, dono da livraria, falou à coluna:

ISTOÉ – Como o sr. reagiu aos ataques virtuais e à campanha de boicote à livraria?
Pedro Herz –
Pessoas que propõe algo assim certamente não são clientes da livraria. Não respondo à boicote. O que eu poderia fazer numa situação dessas? Por gente armada para fiscalizar? Vivemos numa democracia. Não posso impedir ninguém de entrar aqui. Não tenho esse poder. Se pessoas se comportam mal é um fato. Livraria é um espaço democrático pelos próprios produtos que contém. Tenho trotskistas e não trotskistas nas estantes. Por ser uma boa livraria, a Cultura tem tantas opiniões divergentes nos livros que é um palco para controvérsias. Não era a livraria que estava se manifestando contra o prefeito e o Suplicy, eram pessoas na livraria.

ISTOÉ – O ex-senador Eduardo Suplicy defendeu publicamente a livraria.
Pedro Herz –
Ele me telefonou, numa boa, comentando: “Que coisa desagradável aconteceu na sua casa”. Eu concordei e lembrei que já aconteceram coisas piores, infelizmente. Uma pessoa já foi morta aqui. A mãe do garoto moveu uma ação contra nós e a justiça desconsiderou totalmente. Quando veio a blogueira cubana,Yoani Sanchez, manifestantes não a deixavam falar. Por outro lado, já tive casamento celebrado no café, porque o casal se conheceu aqui e me pediu para receber convidados com bolo e champanhe. E já vi também casais brigando e se separando na loja.  

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