As sacolas de plástico se tornaram as grandes vilãs dos malefícios causados ao meio ambiente. O plástico dessas sacolas, composto de resinas sintéticas extraídas do petróleo, leva de um a três séculos para se desmanchar completamente – e durante essa eternidade de tempo ficam poluindo. O estrago é grande. Estima-se que os brasileiros joguem fora, mensalmente, um bilhão de sacolinhas distribuídas pelo comércio, principalmente os supermercados – cada consumidor descarta mensalmente 66 unidades. Na Europa, a conscientização tem levado as pessoas a irem às compras com suas próprias sacolas, de papelão ou tecido, e a boicotarem estabelecimentos que distribuam as tais vilãs. Os europeus fixaram 2010 como o ano limite para o seu uso e Alemanha e Irlanda estabeleceram multas para quem aceitá-las. Na Califórnia, nos EUA, as autoridades proibiram os supermercados de utilizarem sacolas que não sejam recicláveis, geralmente feitas de material proveniente do milho ou papel. Finalmente, também no Brasil já se vêem comerciantes e consumidores tomarem a iniciativa de substituição da velha sacolinha, politicamente incorreta, e as autoridades começam a buscar soluções para que ela vá saindo do nosso dia-a-dia. A atitude mais visível, que não tem surtido o efeito desejado em tempos de combate ao efeito estufa, é o estímulo ao uso de sacolas biodegradáveis e à coleta seletiva – tudo isso limitado pela ainda não sólida consciência ambiental dos brasileiros, de modo geral, e pela falta de estrutura das gestões municipais. A solução dos plásticos biodegradáveis é, no entanto, polêmica, sobretudo pelos seus efeitos colaterais: há uma demora de dez a 12 meses para eles se biodegradarem, emitindo CO2 na decomposição – ou seja, causam mais efeito estufa, principalmente quando se acumulam em lixões não próximos a florestas.

Foi isso que levou o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, a vetar o projeto que exigia dos supermercados a adoção de sacolas de plástico biodegradável. Também o governador paulista, José Serra, derrubou projeto semelhante – cerca de 66 milhões de sacolas plásticas são consumidas mensalmente no Estado de São Paulo. No Rio de Janeiro começa-se a testar uma nova fórmula. Com o apoio de redes de supermercados, da Federação das Indústrias e de entidades ambientalistas, o governo estadual formulou um projeto de lei na tentativa de remontar o ciclo econômico das sacolas. A idéia não é proibir o seu fornecimento, mas obrigar os supermercados que quiserem continuar distribuindo essas embalagens, convencional ou biodegradável, a comprá-las de volta. Terão a alternativa de pagá-las em alimento (um quilo de feijão ou de arroz por 50 sacolas usadas), vale-compra ou dinheiro (três centavos a unidade). A regra só vale para supermercados maiores, com mais de mil metros quadrados de área. Se não concordar em readquirir a sacola de plástico, o estabelecimento comercial não poderá usá-la como embalagem de seus produtos e terá de fornecer ou vender para os clientes as bolsas de tecido ou papelão.

Vem de Santa Catarina, mais pontualmente da cidade de Florianópolis, uma iniciativa nesse sentido. Foi tomada pelas empresárias Linda Cover e Helena Chagas, donas da tradicional padaria Pão da Casa. Elas lançaram a sacola retornável. Feitas na loja – dadas ao cliente, são produzidas em material ecologicamente correto. “Estamos fazendo a nossa parte em benefício ao meio ambiente”, diz Linda. Mas são os supermercados, e não as padarias, os maiores distribuidores de sacos plásticos. É por isso que a iniciativa do Rio de Janeiro mira esse comércio. As embalagens que os supermercados terão de comprar serão vendidas às próprias fábricas de plástico, fechando o ciclo produtivo – é um processo semelhante ao por que passam as latinhas de cerveja e de refrigerante.