TUDO À VISTA Voluntário demonstra o novo sistema

Um novo dispositivo de segurança está causando polêmica no aeroporto de Manchester, na Inglaterra. Desde a terça-feira 13, os passageiros passam por uma máquina de raio X capaz de detectar qualquer objeto escondido no corpo da pessoa. O procedimento dura alguns segundos e ocorre dentro de uma cabine isolada, na qual uma imagem em preto e branco é feita por meio de ondas eletromagnéticas. O resultado final tem formato tridimensional e mostra todo o corpo do passageiro.

O principal objetivo é encontrar armas e explosivos escondidos. Além de substituir o procedimento-padrão, a nova técnica é realizada sem que o passageiro seja obrigado a tirar peças de roupa, como tênis, sapatos ou casacos. No entanto, o aparelho não é unanimidade entre os usuários. A qualidade das fotos permite, por exemplo, identificar piercings, implantes nos seios e contornos do corpo. Para alguns, a ferramenta invade a privacidade dos passageiros.

Segundo Sarah Barrett, representante do aeroporto, não é possível fazer o reconhecimento dos passageiros por meio das fotos. "O processo é totalmente anônimo. A imagem produzida não permite identificar características como cabelo ou feições do rosto", afirma. Além disso, as fotos não podem ser copiadas ou armazenadas. Quanto a possíveis danos à saúde, Sarah garante que os níveis usados são extremamente seguros.

Para Gianfranco Beting, especialista em aviação e diretor de marketing da Azul Linhas Aéreas, a nova técnica é "desrespeitosa e deplorável". "Quem quer ser desnudado antes de fazer uma viagem?", questiona. Na avaliação de Beting, a diminuição do tempo gasto na segurança é relativa. "O grande problema não é tecnológico, mas arquitetônico.

O gargalo dos aeroportos é operacional. Se as tecnologias atuais tivessem duas ou três vezes mais espaço de utilização, seriam capazes de dar a vazão adequada aos horários de pico", diz. No aeroporto de Manchester, a utilização do aparelho é provisória e os passageiros podem optar em usar a máquina ou passar pela revista tradicional. A máquina será testada durante 12 meses e os resultados serão encaminhados ao Departamento de Transportes, que decidirá pela utilização definitiva ou não da tecnologia.

Segurança em terra firme

Alvo de ameaças e ataques, os aeroportos contam com a ajuda constante da tecnologia. Câmeras espalhadas pelo terminal são só a ponta do iceberg. Detectores de metal e aparelhos de raio X analisam os usuários e suas bagagens. Além disso, as malas passam por scanners que verificam a massa e a densidade de objetos. Líquidos e produtos em gel também não passam despercebidos. Sensores químicos rastreiam essas substâncias, usualmente utilizadas em explosivos.