A extensa lista de preparativos dos viajantes ganhou um novo item nos últimos anos: a consulta a um médico de viagem. Este ramo da medicina, já consolidado na Europa, Austrália e nos Estados Unidos, começa a ser valorizado no País.

Aos poucos, os pacientes se convencem de que vale a pena encaixar na agenda lotada de compras e afazeres uma avaliação médica ampla pelo menos 30 dias antes de embarcar. É a chance de saber mais sobre possíveis surtos de doenças no destino escolhido, atualizar o cartão de vacinação e receber uma orientação completa sobre hábitos a serem adotados em terra desconhecida.

Por isso, não é à toa que o número de acessos ao site do Centro de Informação em Saúde para Viajantes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), saltou de 11 mil em 1997 para 2,5 milhões no ano passado. E para atender à demanda crescente por informações, já são oito os centros especializados no Brasil, incluindo o serviço fluminense.

Por enquanto, a maior parte das pessoas que procura o auxílio é formada por funcionários que viajam a trabalho. "As multinacionais ajudaram a disseminar esse costume", explica Tânia Souza Chaves, secretária-geral da Sociedade Brasileira de Medicina de Viagem, criada no ano passado. Mas há casos como o da consultora de marketing Mariana Esteves, 25 anos.

Em março, ela procurou o centro da UFRJ para renovar suas vacinas antes da lua de mel, em Maragogi, em Alagoas. "Ouvi recomendações sobre alimentação e até sobre proteção solar", surpreendeu-se ela. A internet também concentra uma rede ampla de informações. A empresa farmacêutica Sanofi Aventis lançou neste ano o site Viagem com Saúde, com orientações para 223 destinos. No Brasil, é preciso se proteger de doenças como febre amarela e malária.

No Exterior, o risco principal se verifica nos países africanos. Idosos, pessoas que têm doenças crônicas ou com o sistema imunológico debilitado, em especial, não devem embarcar sem consultar um médico. "A principal medida para evitar doenças em viagens é a informação", ressalta Fernando Martins, coordenador do serviço da UFRJ. Um paciente que tinha feito um transplante de medula óssea havia combinado uma viagem de confraternização com os amigos.

Pretendia pescar em uma área onde a febre amarela é endêmica. Ao procurar um especialista em medicina de viagem, foi orientado a não viajar. Isso porque a vacina contra a doença é contra-indicada para pacientes com sistema imunológico fragilizado – exatamente seu caso. Adiou a comemoração, mas não correu riscos desnecessários.