Nos Estados Unidos, ir ao supermercado ou comprar remédio na farmácia tem sido uma diversão. Tudo porque há cidades onde tarefas do dia a dia são feitas, por alguns abonados, a bordo de bólidos como o Ford 1956 preto metalizado (foto acima). Apesar de o aspecto lembrar o de um automóvel turbinado, eles não são velozes. Esse Ford, com rodas cromadas e pneus largos, na verdade, nada mais é do que um carrinho elétrico de golfe customizado.

Movido a bateria, sua velocidade máxima não passa de 40 km/h. "Mas eles são o segundo carro de muitos americanos", afirma Pietro Erber, diretor-presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico. "Não poluem e são utilizados para percorrer pequenas distâncias dentro de bairros." Conhecidos como NEV (Neighborhood Eletcric Vehicles), esses automóveis elétricos de vizinhança têm licença para rodar em 45 dos 50 Estados americanos.

"Somente em Peachtree, cidade com cerca de 35 mil habitantes no Estado da Geórgia, há dez mil veículos em circulação", conta o empresário João Vicente Bezerra, que importa os carrinhos de golfe fabricados nos Estados Unidos e os modifica de acordo com o gosto do cliente no Brasil. Sem portas – e muitas vezes sem vidros -, guiar um Hummer, um Cadillac ou um Lincoln elétrico, equipado com som, bancos de pele de jacaré, faróis de milha e rodas de liga leve, torna-se um desfile.

Só que custa caro: a customização fica em torno de R$ 35 mil. No Brasil, a circulação de veículos de tração elétrica em vias públicas ainda não foi regulamentada. Mas já se veem esses utilitários personalizados em campos de golfe, condomínios e propriedades privadas. O administrador de empresas Fábio Amaral, 43 anos, comprou dois carrinhos de golfe usados e os transformou em jipes camuflados.

Além da pintura, mandou levantar a suspensão e colocar rodas e pneus de buggy. Gastou R$ 18 mil. "A piscina da minha fazenda fica a 100 metros da casa, após percorrer um declive", justifica. "Hoje, os jipes, além de servir como transporte, são a diversão da criançada." Nos Estados Unidos, o maior fabricante desses carrinhos vende mil unidades por dia.

No Brasil, levase um ano para comercializar a mesma quantidade. O mercado nacional, porém, cresceu 20% no último ano. E traz a customização de carona. "Já modificamos 50 carros", diz Marco Aurélio Magalhães, empresário que importa esses veículos.