Sentir o sabor de um vinho de primeira linha, daqueles nascidos em boa safra, é um prazer tão grande que dá vontade de eternizar. Muitos apreciadores recorrem a uma espécie de diário, em que descrevem as sensações experimentadas a cada vez que uma dessas garrafas especiais é aberta. Esse costume se disseminou tanto no Exterior que nas livrarias de vários países é possível encontrar álbuns feitos especialmente para isso. No Brasil, o hábito acaba de chegar. A Enoteca Fasano lança em São Paulo e no Rio de Janeiro o primeiro álbum brasileiro para que os amantes dos bons vinhos registrem suas impressões. Wine memories tem capa de couro e foi idealizado para guardar 30 “memórias gustativas”. Acompanha o álbum um kit com dez saca-rótulos, adesivos que ajudam a retirar as estampas da garrafa sem danificá-las, para que sejam coladas ao lado do texto. Muitos apreciadores sentem prazer nessa tarefa. “Há dois anos, guardo as informações de todos os vinhos que bebo e também dou nota”, conta o carioca Paulo Pedro Filho. “Quando não tenho papel à mão, anoto num guardanapo e passo a limpo depois.” Ele organiza suas anotações no computador, mas acha que um álbum é o ideal. “Assim dá para guardar os rótulos, é mais bonito”, diz.

No Wine memories há um cabeçalho para anotação de dados como nome do vinho, tipo de uva, safra e país de origem, entre outros. Abaixo do espaço dedicado às impressões sobre a bebida, é possível registrar a data, a ocasião, o nome dos convidados e até mesmo o menu que foi servido no momento da degustação. “Pode-se guardar a lembrança de bons momentos, como o surgimento de uma grande paixão”, exemplifica Angélica Marchi, gerente da enoteca. O álbum custa R$ 250 e o refil com dez saca-rótulos sai por R$ 85.

O empresário Oscar Daudt já teve um álbum importado para colecionar suas impressões sobre os vinhos que degusta. Hoje, faz isso de um jeito mais informal. “Eu improviso, escrevo num antigo álbum de fotografias”, explica. No começo, anotava todos os dados, mas atualmente guarda apenas os rótulos. “Tenho cerca de 300 em minha coleção”, diz Daudt. Pequenos caprichos como esse ajudam a manter a aura que cerca o consumo de vinho. “Isso tudo faz parte de um belo ritual. É essa cultura que faz tanta gente se reunir em torno dessa bebida”, resume Paulo Pedro Filho.