Nem o dramaturgo inglês William Shakespeare nem o seu personagem Hamlet, o maior de todos os tempos e para o qual mortos e caveiras continuavam amando, imaginariam que a província turca de Diyarbakir reservaria um dia uma relíquia para os arqueólogos. Pois bem, foi nesse local que na semana passada uma equipe de pesquisadores deparou com 22 tumbas do período Neolítico (12000 a.C a 4000 a.C) e, numa delas, encontrou-se a tal relíquia: o esqueleto de um homem abraçado ao de uma mulher – tão próximos que as pernas estão entrelaçadas. Segundo a análise desses cientistas, um fato está dado: trata-se do fóssil do mais antigo casal já localizado em todo o mundo.

Foi como encontrar a peça de um intrincado quebra-cabeça. Arqueólogos de diversos países “varrem” cada centímetro de solo em busca de mais e mais detalhes que remontem às origens da humanidade. Dessa vez foi na Turquia que outra dessas peças foi achada, podendo revelar algo de novo sobre o chamado homem das cavernas. Explica-se: ossadas tão antigas de pessoas de sexo oposto, enterradas juntas e sugerindo que o homem e a mulher se amaram em vida, empurram os pesquisadores a uma questão inevitável: qual o motivo da morte? “Ainda temos de investigar as causas”, diz o arqueólogo Halil Tekin, professor da Universidade Hacettepe, em Ancara. E sua curiosidade não tem limite: “Se eles optaram por morrer assim e serem enterrados nessa posição, será que ambos estavam doentes ou foram vítimas de um crime passional?”

O professor Tekin não tem dúvidas de que as ossadas são de “marido e mulher ou de amantes” pelo fato de “as pernas estarem entrelaçadas” e os corpos “confortavelmente” próximos. Com esse tesouro arqueológico em mãos, os cientistas valeram-se então de potentes microscópios para fazer a avaliação química e classificar a idade dos fósseis. Eis a surpresa: os corpos foram enterrados, aproximadamente, há oito mil anos o que significa (para a alegria indiscutível dos turcos) que o recorde dos italianos foi batido – no ano passado arqueólogos encontraram na cidade de Verona os restos fossilizados de um casal que, estima-se, vivera há cerca de sete mil anos.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias