Está em curso, no Senado, um lobby para tornar as obras liberadas pelas emendas parlamentares imunes à auditoria da Caixa Econômica Federal. De acordo com a PEC 61, de autoria da senadora Gleisi Hoffman (PT-PR), o dinheiro das emendas deve ir diretamente para o fundo de participação dos estados e municípios. A proposta visa excluir os empreendimentos da obrigação de apresentar os projetos técnicos que passam pelo crivo da CEF antes de a União liberar os recursos. Para os congressistas, o projeto destravaria o processo. Os engenheiros afirmam que a medida escancara as portas para a corrupção.

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Aqui se faz, aqui se paga
A boa vontade de Renan Calheiros (PMDB-AL), com o governo federal já melhorou a vida do governador de Alagoas, Renan Filho. Logo após assumir a defesa do governo Dilma na crise política, o Ministério da Integração liberou parte dos recursos de um convênio de R$ 485 milhões para a construção do canal adutor do sertão alagoano.

À esquerda
O deputado Glauber Braga (RJ) vai trocar o PSB pelo PSOL. Desde que o senador Romário (PSB-RJ) sentou na janela do diretório do partido no Rio de Janeiro, Glauber ficou sem lugar e decidiu reforçar a sigla de esquerda, ao lado do deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).

Portas abertas
Desde que deixou seu mandato de senador no ano passado, José Sarney transformou sua casa no Lago Sul em um consultório político para governistas e oposicionistas. O ex-presidente é procurado com frequência para dar conselhos a políticos de todas as colorações partidárias.

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Mal na fita
O senador Fernando Collor (PTB-AL) montou estratégia pesada contra o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Na tarde de terça-feira (26), Collor distribuiu a todos os 80 colegas um CD com filmagem da entrada de agentes da Polícia Federal em sua casa, no dia 14 de julho. A mídia veio acompanhada com um cartão pessoal do ex-presidente, sua assinatura e os dizeres “com os cumprimentos de Fernando Collor.” O objetivo do vídeo era convencer os colegas de que o procurador-geral foi agressivo no cumprimento do mandato de busca e apreensão da Operação Lava Jato.

República da mortadela
O exército da CUT está alinhado com os militares ao distribuir sanduiche de pão com salame aos militantes que foram às ruas no dia 20 defender o governo Dilma. Os gastos do Ministério da Defesa com a compra de mortadela mostram que a iguaria é uma das preferidas das tropas. Só a brigada de fronteira consome, por mês, 20 quilos do embutido.

Cota de presos
O deputado federal Vinicius de Carvalho (PRB-SP) apresentou um projeto de lei que pede a criação de uma reserva de 5% das vagas de trabalho, nas empresas terceirizadas contratadas pelos governos, para empregar os egressos do sistema prisional.

Home office
O Tribunal de Contas da União (TCU) foi acusado de dar mordomia aos seus servidores ao permitir o funcionário trabalhar onde estivesse – trabalho remoto. O método, no entanto, reduziu os custos do órgão e aumentou a produtividade. Em tempos de reformas, o Ministério do Planejamento estuda adotar o sistema como uma forma de economizar e cortar postos comissionados.

Contagem regressiva
O ministro Luís Inácio Adams, da Advocacia-Geral da União (AGU), o mais antigo do governo petista, está de malas prontas para deixar o governo. Ele só espera o desenrolar do processo das pedaladas fiscais, que corre no Tribunal de Contas da União (TCU), para dar “tchau”. O clima no Planalto com a presidente Dilma e o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, está insuportável, tem dito aos amigos. A vontade de dar adeus intensificou-se na última semana depois que foi vaiado no Bar Brahma em Brasília.

Toma lá dá cá

Senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), presidente da Comissão Mista de Orçamento 

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ISTOÉ – A redução dos ministérios afetará a discussão do orçamento de 2016?
Rose –
Existem comissões que dizem respeito a partes que podem sofrer alterações. Se o ministério fundir, teremos que fundir as respectivas áreas do orçamento. Não afeta o resultado, mas afeta a dinâmica do trabalho.

ISTOÉ – O que a comissão precisa para iniciar as discussões sobre o próximo orçamento?
Rose –
Tem que conhecer itens das medidas tomadas na reforma ministerial. Como instalar a comissão de receita se eu não sei a receita discricionária do governo ou se há mais cortes a serem feitos?

ISTOÉ – O anúncio das mudanças está em tempo adequado?
Rose –
O que mais incomoda é que o tempo do político não é o tempo do povo brasileiro. Temos que discutir agora. A Agenda Brasil, com os itens propostos para superar a crise política e financeira, não pode ficar velha.

Rápidas

* A reforma ministerial tem provocado uma guerra nos bastidores da Esplanada dos Ministérios, em Brasília. A presidente Dilma aceitou a imposição do PMDB que, entre outros pontos, exige a redução no número de pastas. Dima alertou a direção do PT que o partido será o maior derrotado na reforma e perderá muitas cadeiras.

* Com as mudanças no tabuleiro político, o PDT poderá voltar à base de apoio do governo no Congresso. Para tanto, os dirigentes trabalhistas mandaram um recado para o Planalto: Só aceitam voltar a apoiar a presidenta Dilma se a legenda levar o Ministério do Trabalho com “porteira fechada”. Ou seja, sem nenhum petista ou representante da CUT no segundo escalão e nem nas DRTs.

* Os conselheiros de Dilma refutam em aceitar a proposta dos trabalhistas, já que eles acreditam que sem uma fiscalização rígida, o Ministério do Trabalho voltará a ser um balcão de negócios.

Retrato falado
Cresce nas fileiras da oposição a ideia da defesa de uma emenda constitucional para alterar o artigo 86 da Carta Magna que protege o presidente da República de ser investigado por atos anteriores ao mandato em curso. O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) afirma que o instituto da reeleição não criou um mecanismo de imunidade presidencial. Mesmo porque, diz o parlamentar, a Constituição é anterior à condição do mandatário ser reeleito.

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Crivella, o galanteador
O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) deixou a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) de rosto vermelho, ao entrar no plenário. A parlamentar perguntou se havia quórum na seção. Ele respondeu que ela estava tão esbelta que só poderia contar por “meia senadora”. Vanessa disse que estava tão magrinha que poderia estrelar o filme “E o vento levou”. Crivella não titubeou e se apresentou como o Clark Gable.

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Crise nas pensões
As demissões, redução de salários e queda no faturamento de empresas estão levando os pais à Justiça para pedir revisão do valor da pensão alimentícia. Dados das varas de família mostram que o número dos processos de pedidos da redução dos valores aumentou desde o início do ano.

Colaboraram Alan Rodrigues e Fabio Brant
fotos: DIDA SAMPAIO/AE; Edilson Rodrigues e Marcos Oliveira/Ag. Senado; Leonardo Prado/ Câmara dos Deputados