Mostra Rumos 2013-2014/ Itaú Cultural, SP/ de 27/8 a 25/10

A Mostra Rumos é o principal programa de incentivo à cultura do Itaú Cultural. Ativo desde 1997, lançava anualmente editais públicos circunscritos a áreas específicas de produção cultural: artes visuais, arte e tecnologia, dança, música, cinema e vídeo, educação, literatura, jornalismo cultural e gestão cultural. Em 2013, apostando na diversidade e transformação dos paradigmas que regem a cultura, o programa mudou, assumindo uma estrutura adaptável e aberta a sobreposições e deslocamentos entre áreas de expressão. Os resultados dessa aposta podem ser vistos agora na Mostra Rumos 2013-2014, em cartaz no Itaú Cultural e em diversos pontos da cidade de São Paulo, até 25/10.

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EM OBRAS
Filme de Pedro Urano e Joana Traub Csekö presta homenagem a Gordon Matta Clark

O primeiro aspecto notável do novo formato é que os trabalhos encontram modos diversos de apresentação. Isto é, para além da mostra, desdobram-se em debates, seminários, workshops e espetáculos. Se normalmente os colóquios constituem programação paralela à exposição, agora eles ganham centralidade. “O projeto Bulas, de Nuno Ramos não estará fisicamente presente na mostra, Será apresentado na mesa sobre Conservação, Legado e Memória da Arte Hoje, com a participação do artista”, diz Marcos Cuzziol, gerente do núcleo de Inovação. O projeto de Nuno Ramos consiste em criar descritivos e manuais de produção para 74 de suas obras, de forma a torna-las passíveis de montagem sem qualquer participação do artista.

“Ao realizar diagramas, textos e levantar memória e documentação dos trabalhos, esse projeto também demostra outra forte identidade do Rumos, que é o foco nos processos”, diz Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural e “arquiteto” do novo Rumos. A realização do projeto “Voz/Voice”, de Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti, confirma o sucesso da intenção de foco nos processos. “Após um ano de pesquisas, este é nosso trabalho mais experimental, mais complexo e ao mesmo tempo a soma de tudo que já fizemos”, diz Rejane. A obra é um dispositivo eletromecânico desenhado para visualizar diálogos entre pessoas e o movimento do som no espaço.

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PSICOSE 2.0
O clássico Psicose, de Hitchcock, é remontado por Gisela Motta
e Leandro Lima a partir de imagens de bancos de dados

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Da a complexidade do maquinário, o projeto coloca a dupla Cantoni & Crescenti na categoria de criadores de máquinas, mais do que artistas. Aqui justifica-se outro objetivo do Rumos: desfazer fronteiras entre linguagens e desierarquizar processos e relações. Outro trabalho que explora bem a interação entre campos do conhecimento é “Psicose”, da dupla Gisela Motta e Leandro Lima, uma engenhosa reconstrução do filme dirigido por Alfred Hitchcock em 1960, a partir de imagens e sons de bancos de dados royalty free.

Na Mostra Rumos inaugurada nesta quinta feira 27 em dois andares do Itaú Cultural, em São Paulo, o público encontra obras de apenas 15 dos 102 contemplados nesta edição. Os outros entrarão em cena de agora a outubro, em teatros, arenas móveis montadas especialmente para a ocasião e, inclusive, no Auditório Ibirapuera. O público poderá ter uma visão do todo apenas no site da instituição. Mas fica a dica: os temas dos seminários dão pistas dos principais eixos da curadoria – memória, corpo, deslocamentos, cultura urbana.  


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