Um manuscrito inédito e inacabado de John Ronald Reuel Tolkien – autor de “O Senhor dos Anéis”, conhecido internacionalmente como J. R. R. Tolkien – ganhou edição final e será publicado. “A História de Kullervo” começou a ser escrita pelo filólogo britânico em 1914, 40 anos antes da famosa trilogia sobre o poderoso anel ser publicada, e foi o principal motivador para a criação da sua mais famosa saga. O livro que representa a centelha inicial de inspiração para “O Senhor dos Anéis” estará disponível na Amazon a partir de quinta-feira 27. Os direitos para o lançamento no Brasil acabam de ser adquiridos pela editora VMF Martins Fontes.

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ORIGEM
Épico finlandês "Kalevala" foi a base do texto escrito há mais de um século
por J.R.R. Tolkien (acima), criador de "O Senhor dos Anéis"

“A história de Kullervo” é inspirada em uma passagem do épico finlandês “Kalevala”, poema em prosa considerado fundador da cultura escandinava. Antes de morrer em 1973, o autor reconheceu o texto não publicado como semente de tudo o que fez depois.

“Infeliz Kullervo”, como Tolkien chamava o personagem do título, é vítima do mago Untamo, que mata seu pai, sequestra sua mãe e tenta assassiná-lo três vezes. Órfão, ele vaga ao lado de sua irmã e de um cachorro que, como ele, tem poderes mágicos, até que é capturado e vendido como escravo. Anos depois de se livrar da escravidão, Kullervo conhece uma dama pela qual se apaixona, mas descobre ser sua irmã desaparecida.

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PAISAGEM ANTERIOR
O finlandês "Kalevala" (acima, ilustração do poema em prosa) foi a base
do texto escrito há mais de um século que deu origem à franquia
cinematográfica adaptada por Peter Jackson

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Em uma correspondência de 16 de julho de 1964, Tolkien explicou a um amigo a importância da narrativa: “O gérmen da minha tentativa de escrever foi a trágica fábula do infeliz Kullervo, de ‘Kalevala’. Ela guarda uma questão importante para as lendas da Primeira Era (as quais eu espero publicar como “O Silmarillion”, um livro de contos)”. As obras de Tolkien se passam em um mesmo universo, a “Terra Média”, e dividem-se temporalmente em três Eras; apenas na última delas se passam as mais famosas narrativas; da trilogia de ç e de “O Hobbit”, adaptados para o cinema por Peter Jackson a partir de 2001.

“A obra inédita foi localizada em um rascunho legível, porém bruto, com muitos rabiscos, anotações nas margens e por sobre as linhas para adições, correções e emendas. O texto é escrito a lápis nos dois lados das 13 folhas de papel almaço numeradas”, descreve Veryl Flieger, especializada no trabalho do britânico e responsável pela edição do novo livro. Ela assina anualmente revisões acadêmicas intituladas “Estudos de Tolkien”, publicadas pela Universidade de West Virginia, hoje em sua 15ª edição. Foi em 2010 que incluiu o capítulo
“A História de Kullervo e ensaios sobre Kalevala”, que até então permaneceu como um texto limitado à comunidade acadêmica de estudantes de literatura. “Há muito se sabe dos comentários do próprio Tolkien em suas cartas dizendo que a mitologia finlandesa da ‘Kalevala’ teve um efeito poderoso sobre sua imaginação e sua bibliografia. Em “A história de Kullervo” fica impressionantemente aparente o quão poderosa foi essa influência”, explica a americana.

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