Já era noite na quarta-feira 12 quando vários contêineres contendo material químico pegaram fogo num depósito do porto de Tianjin, a 160 quilômetros da capital chinesa, Pequim. Doze equipes de bombeiros foram enviadas ao local, mas não conseguiram evitar a tragédia que aconteceria dali a 14 minutos. Um estouro equivalente à detonação de 3 toneladas de dinamites levantou uma enorme bola de fogo sobre o armazém de uma empresa de logística. Trinta segundos depois, ocorreu outra explosão com potencial ainda mais devastador – tinha a força de 21 toneladas de dinamite, segundo o centro de monitoramento de terremotos da China – e pôde ser registrada por satélites no espaço.

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DESTROÇOS
A força das explosões na zona portuária foi tanta que incinerarou carros
e derrubou prédios. Abaixo, bombeiros tentam conter o fogo no depóstio

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Assim que ocorreram as explosões, milhares de vídeos e imagens foram compartilhados nas redes sociais mostrando janelas e portas de vidro estilhaçadas, carros queimados, casas e prédios destruídos num raio de até três quilômetros de distância. Até a sexta-feira 14, havia muitos desaparecidos, enquanto o número de mortos chegava a 56, a maioria trabalhadores imigrantes, e o de feridos hospitalizados a 721, de acordo com a agência de notícias estatal da China, Xinhua. Entre as vítimas fatais, pelo menos 21 eram bombeiros. Por isso, essa já é considerada uma das maiores perdas de bombeiros em serviço na história do país.

O motivo do incêndio que originou os estouros não foi esclarecido, mas a mídia internacional reportou que executivos da Tianjin Dongjiang Port Ruihai International Logistics, dona do galpão, foram presos, o que indica que pode ter havido uma falha de segurança. Há poucas semanas, membros da indústria portuária discutiram com autoridades sobre a manipulação de produtos químicos num setor com frouxas normas de segurança e permeado por esquemas de corrupção. O presidente da China, Xi Jinping, prometeu acompanhar de perto as investigações e disse que, se descoberto algum crime, os responsáveis serão punidos com rigor.

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Depois de conter as chamas e atender os feridos, a principal preocupação das autoridades chinesas era com a qualidade do ar. O governo destacou 217 militares especializados em materiais nucleares e bioquímicos para examinar a nocividade da fumaça preta que pairou sobre Tianjin, uma cidade industrial de 15 milhões de habitantes com algumas das mais importantes empresas de exportação, petroquímica e mineração do país. Milhares de famílias tiveram que deixar suas casas e foram colocadas em escolas usadas como abrigos de emergência. Algumas improvisaram com barracas nas ruas. Segundo a Xinhua, os moradores reclamaram de ardência nos olhos. Na madrugada de quarta para quinta-feira, foram identificadas altas concentrações de dióxido de enxofre, monóxido de carbono e óxidos de nitrogênio, além de óxido de etileno, um gás cancerígeno, próximas do local das explosões. Havia o temor de que os gases tóxicos chegassem a Pequim. Mas, na quinta de manhã, o discurso oficial era de que o nível de poluição estava normal para os padrões chineses.