Brasileiro é um tipo meio esquisito. Adora falar mal da pátria-mãe. O País nunca vale nada e não tem jeito. Mas basta pôr o pé em terras estrangeiras e ele se transforma no mais fervoroso dos nacionalistas. Para essa gente volúvel e temperamental foi criado o mycountrybrazil.com. Por meio do site é possível comprar de tudo: cachaça, pimenta de garrafa, carne-de-sol, doce de jaca, Sonho de Valsa, catuaba, erva para chimarrão, biquínis, CDs, revistas. Há cerca de três mil produtos catalogados. O campeão absoluto de pedidos é o guaraná. Logo atrás vem o mineiríssimo pão de queijo. Outros itens que costumam faltar no estoque são a camisa do flamengo e as sandálias havaianas. Livros de Paulo Coelho também fazem sucesso. “Há cerca de 5,5 milhões de brasileiros espalhados pelo mundo. É uma comunidade que precisa ser assistida”, diz Alfredo de Goeye, 50 anos, presidente do My Country Brazil.

PAIXÃO A camisa campeã de pedidos US$ 53,16

A parceria com a Federal Express garante a entrega do produto em qualquer parte do mundo. Um software calcula o preço do frete e identifica o que pode ou não entrar em cada país. Como o site abre a possibilidade de encomenda de produtos fora do catálogo, os brasileiros saudosistas aproveitam para fazer os pedidos mais inusitados. Um deles, conta De Goeye, encomendou nada menos do que três dúzias de caninha 51. Queria apresentar a um grupo de amigos japoneses a caipirinha. Mais curiosa só a encomenda de um residente nos Estados Unidos. Ele solicitou uma frangueira, dessas conhecidas como “televisão de cachorro”, com capacidade para 25 frangos assados. Não custa nada tentar. Mas não foi atendido. Coração de galinha, recheio de linguiça, uma corneta, leite de cabra em pó e a revista G Magazine, para o público gay, completam a lista de excentricidades.

TÍPICO Para os amantes da jaca US$ 5,70

Os preços, em dólar, ficam em média entre 30% e 40% acima dos cobrados no Brasil, com o frete incluído. A engenheira de alimentos mineira Monalisa Moreno, 27 anos, há um ano e meio vivendo em Tampa, na Flórida, Estados Unidos, pagou US$ 23 por duas caixas de Sonho de Valsa, três pacotes de pão de queijo e um vidro de palmito. Os bombons e o pão de queijo foram presentes para o namorado americano, Mike Skeens. “Barato não é. Mas vale pela saudade”, argumenta.

FORTE O pote com 1,8 quilo de vários tipos de pimenta US$ 13,72

Desde outubro no ar, o supermercado virtual comemorava, até terça-feira 21, 23 mil itens vendidos e prepara-se para inaugurar um setor de contéudo. “Nossa intenção é transformá-lo numa referência para o brasileiro no Exterior”, aposta De Goeye. O internauta poderá acessar endereços de consulados e guia das cidades com maior concentração de brasileiros, além de noticiário produzido por cinco correspondentes, sediados em Nova York, Lisboa, Londres, Paris e Tóquio. Aos sábados será veiculada uma revista eletrônica com receitas dos pratos típicos, crônicas, colunas, dicas de turismo e uma entrevista com uma personalidade destaque no Exterior. O site tem tudo para virar referência. Só precisa de uma pequena alteração. Grafar Brasil com Z pode ser uma afronta para muitos brasileiros.