Os cronômetros foram disparados e foi dada a largada para o último ano que precede a Olimpíada 2016, no Rio de Janeiro. Assim como a cidade-sede, os atletas da delegação verde e amarela também estão passando por eventos testes. São os campeonatos mundiais, que indicam se as seleções estão no ritmo certo para realizarem a melhor Olimpíada possível no ano que vem. Na semana passada, em Kazan (Rússia), uma luz amarela se acendeu para a equipe de natação. O medalhista Cesar Cielo desistiu da prova de 50m livres e abandonou o Campeonato Mundial da Federação Internacional de Natação (Fina) por conta de uma lesão. Quem ajudou a manter o fôlego no quadro de medalhas foram os atletas jovens, sendo a principal estrela a nadadora Etiene Medeiros. A pernambucana elevou a natação feminina a um novo patamar com uma sequência de feitos inéditos, entre eles a primeira medalha de uma mulher em um mundial, que colocam seu nome na história da modalidade.

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BAIXO ASTRAL
Após um desempenho ruim numa prova e com uma contusão,
Cielo abandonou a competição: "Estou bem para baixo"

Na semana passada, a equipe técnica brasileira se dividiu entre a preocupante e inesperada saída de Cielo e os feitos pioneiros de Etiene. Primeira atleta da natação feminina brasileira a receber ouro em Jogos Pan-Americanos – nos 100m de costas em Toronto, em julho –, primeira a bater um recorde mundial e primeira campeã mundial em piscina curta, em Kazan ela voltou a inovar: foi a medalhista pioneira em mundiais de piscina longa. A prata nos 50m de costas foi conquistada com muito esforço. “Eu até chorei antes da prova, no banco de controle”, disse a esportista de 24 anos. Outra que também se destacou no mundial foi Ana Marcela Cunha, de 23 anos. Ela levou para casa três medalhas: ouro nos 25km de maratona aquática, sagrando-se bicampeã mundial, prata na prova de equipes mistas e bronze dos 10km. Esta última “valeu mais”, segundo a baiana, porque lhe garantiu vaga nos jogos de 2016. Em 2012 Ana ficou em 11º lugar no ranking da seleção olímpica para Londres e são convocadas apenas as 10 primeiras colocadas.

Entre os homens, os veteranos Nicholas Santos e Thiago Pereira levaram as medalhas de prata, respectivamente, nos 50m borboleta e nos 200m medley. Duas semanas antes, Pereira havia conquistado o status de maior medalhista da história dos Jogos Pan-Americanos. “Um ano antes dos Jogos sei que ainda tem muita coisa pela frente, tenho um caminho longo a percorrer, muita coisa para melhorar, mas com certeza é mais uma motivação para esse último gás até o Rio”, disse o atleta.

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FEITO
Etiene Medeiros em Kazan: a primeira brasileira a conquistar
uma medalha em mundial de piscina longa

Se Pereira esbanjava otimismo, um colega seu era a personificação do baixo-astral. Logo no primeiro dia de competição, Cesar Cielo descobriu uma inflamação no tendão supra espinhoso do ombro esquerdo. A equipe técnica da delegação decidiu afastar o nadador, que tinha optado por ficar de fora do Pan justamente para se dedicar exclusivamente ao mundial. “Considerando o estado físico dele, o pouco tempo que tínhamos aqui e, principalmente, o foco nos Jogos Olímpicos Rio 2016, optamos pelo corte neste momento para preservá-lo e iniciar o mais rápido possível a reabilitação desse ombro”, afirmou Gustavo Magliocca, médico da equipe de natação do Brasil em nota oficial divulgada pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos. Claramente abatido, Cielo conversou com jornalistas em sua chegada ao Rio de Janeiro, na quinta-feira 6. “Pessoalmente estou surpreso. Vou tentar sair dessa situação mental em que estou agora. Estou bem para baixo. Nesse momento é muito difícil para mim, está doendo, mas lá na frente me vejo tendo sucesso, olhando para trás e vendo que isso aqui foi só um aprendizado para conquistar a medalha no Rio de Janeiro.” Nos Jogos de Londres, em 2012, o atleta garantiu uma medalha de bronze justamente nos 50m livres. A expectativa é que ele recobre o potencial a tempo de repetir o pódio daqui a um ano e que, então, o único sinal amarelo seja o do ouro.  

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