AROEIRA/O DIA

 

Falar do que é bom e esconder o resto

A queda dos juros nos EUA, anunciada na quarta-feira 3 pelo presidente do FED, o todo-poderoso Alan Greenspan, provocou euforia imediata nas Bolsas e uma reunião naquele mesmo dia no Palácio da Alvorada entre o presidente Fernando Henrique, o ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o presidente do Banco Central, Armínio Fraga. Discutiram possíveis mudanças nas projeções para a economia brasileira em 2001. Conclusão óbvia da reunião, que o governo vai tratar de divulgar: a queda dos juros na terra do Tio Sam deve ajudar na baixa das taxas por aqui. Isso tem que ser aproveitado para se promover uma onda de otimismo no Brasil capaz de melhorar o quadro na base parlamentar do governo em ano pré-eleitoral. Outra conclusão da reunião, também óbvia, mas que o governo pretende evitar que se alastre: os juros caíram nos EUA por causa do risco de recessão. Como Wall Street é o centro do universo, recessão por lá pode resultar numa corrida especulativa dos mercados financeiros internacionais com riscos sérios para os países periféricos como o Brasil. Aí o jeito é cruzar os dedos.

O grande enterro

Por falar em ansiedade, Antônio Carlos Magalhães anda preocupadíssimo com um outro problema: o racha entre seus aliados na Bahia. Resolveu lançar a própria candidatura a governador para barrar o crescimento do ex-governador Paulo Souto, que estava assustando Rodolfo Tourinho, o predileto de ACM para o posto. Só que a turma de Paulo Souto sentiu o golpe e decidiu se aproximar do tucanato baiano e até dos peemedebistas. Vem chumbo grosso aí.

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A outra reunião

Antes da reunião com a equipe econômica, FHC encontrou-se na mesma quarta-feira 3 com o vice, Marco Maciel, o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, e o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP). Assunto: a sucessão no comando do Congresso. Mas, ao contrário do noticiado, o encontro não serviu para marcar a entrada de Fernando Henrique na briga entre os senadores Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) e Jader Barbalho (PMDB-PA). A versão que corre solta no Palácio do Planalto é de que a reunião foi apenas o jeito encontrado pelo presidente para empurrar o assunto com a barriga. Vale lembrar: dia 15 FHC viaja para Timor Leste, no outro lado do mundo, e só volta no dia 24.

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A receita do alemão

O ansiolítico natural Kawa-kawa, feito a partir de uma pimenta alemã, virou moda na elite. E é esse o remedinho que o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, está receitando para os mais ansiosos por uma solução na briga entre o PFL e o PMDB pelo comando do Congresso: “Não há político que se suicide. Na hora ‘H’ será mais fácil acertar os ponteiros. Trata-se de um jogo de paciência. E quem não tiver nervos, que tome Kawa-kawa.”

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O dedo de Inocêncio

O candidato do PFL à Presidência da Câmara, Inocêncio Oliveira, está dando pulinhos de alegria com a eleição de um petista para presidente da Câmara Municipal de São Paulo. A vaga era mesmo do PT, que tem a maior bancada, mas o PSDB resolveu lançar candidato próprio e Inocêncio trabalhou nos bastidores pelos petistas.

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Rápidas

Fórmula de José Serra para a campanha presidencial: em vez de assinar em Brasília, ele agora, sempre que pode, vai aos Estados dar seu jamegão nos convênios da Saúde.

Vale anotar: se Tasso Jereissati for candidato à Presidência e vencer, seu ministro da Fazenda será Armínio Fraga. Os dois são amigos desde os tempos do Soros.

Cesar Maia está tentando uma aproximação do pefelista Inocêncio Oliveira com Ciro Gomes. Sonha com o PPS apoiando o PFL para presidente da Câmara.

Apontado pela CPI do Narcotráfico como um dos cabeças do esquadrão da morte do Espírito Santo, o coronel Walter Ferreira anda, como o juiz Lalau, tendo regalias no quartel da PM. Ele continua mandando e desmandando, mesmo atrás das grades.