Nos últimos dias, Matt Damon dividiu a angústia que o seu personagem enfrenta em “Perdidos em Marte” com pelo menos 10 milhões de pessoas. O novo filme de Ridley Scott só estréia em novembro, mas, em uma semana no ar, o trailer de três minutos juntou público equivalente a um final de semana de estreia no cinema. “Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força” também demora a chegar às telas – o lançamento está previsto para dezembro. Entretanto, sua trama é assunto entre os mais de 100 milhões de fãs desde novembro de 2014, quando foi lançado na internet o primeiro teaser da nova trilogia da saga criada por George Lucas nos anos 1970. O barulho alcançado pela liberação desses vídeos curtos, propagandas de lançamentos de Hollywood, fez da sua produção um mercado cinematográfico paralelo. Hoje, os trailers têm estúdios especializados, tramas próprias, orçamentos independentes e até um prêmio voltado apenas para o subgênero que dificilmente ultrapassa 120 segundos de duração, o Golden Trailer Awards (GTA).

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EM ÓRBITA
Matt Damon, como o astronauta Mark Watney, no vídeo que
antecipa "Perdidos em Marte", o novo filme de Ridley Scott

“Quando deixou de estar restrito às salas de cinema ou à programação da tevê e passou a ser veiculado pela internet, o trailer se tornou a principal ferramenta de marketing para os lançamentos”, disse Evelyn Watters, diretora executiva do GTA.

“O que se espera de um trailer hoje é que ele faça um barulho instantâneo”, afirmou Sohini Sengupta, produtor da Mark Woollen & Associates, de Los Angeles, empresa responsável pelo primeiro vídeo promocional de “50 Tons de Cinza”, o campeão de visualizações de 2014, com 93 milhões de cliques. “O maior desafio ali foi encontrar uma maneira de falar com os fãs do livro e com os espectadores que nunca tinham ouvido falar dele.’’ Alguém duvida que deu certo?

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Ao contratar uma produtora de trailers, o estúdio geralmente informa o que quer. O comercial ainda depende de cenas prontas do filme. Mas nem sempre é assim. “Às vezes, tudo o que temos é o roteiro como inspiração’’, disse James Gray, diretor criativo da Zealot, com escritórios em Los Angeles, Nova York, Londres e Sydney e responsável por trailers de filmes premiados como “O Discurso do Rei”. “A maneira como consumimos essas peças publicitárias mudou. E, com isso, aumentou muito a pressão sobre o nosso trabalho, com o vídeo sendo avaliado e comentado a partir do seu lançamento online. Hoje o feedback é imediato e mundial.”

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Segundo Gray, as casas de trailers precisam se cercar cada vez mais de medidas de segurança. Principalmente depois do vazamento do primeiro trailer de “Batman vs Superman: A Origem da Justiça”, em abril – quando uma versão de baixa qualidade, provavelmente gravada com celular, caiu na internet. “Ainda que o vazamento coloque o filme em evidência, o material exibido dificilmente terá imagem e som adequados”, afirmou Gray, produtor do trailer “O Jogo da Imitação”, vencedor do GTA na categoria drama estrangeiro, em maio último. Evelyn Watters não concorda. “Quando o público fala de um vazamento de trailer, isso inevitavalmente aumenta a expectativa em torno do filme. Não existe má publicidade nesse caso”, disse ela, lembrando que o teaser oficial “Batman vs Superman” já ultrapassou 40 milhões de visualizações de pessoas que certamente estarão nas filas das salas de estréia do blockbuster, prevista para março do ano que vem.

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