Acorrida espacial recomeçou. Desta vez, a disputa não envolve governos rivais, mas marcas poderosas como Airbus e Google. Ao anunciar que vai desenvolver satélites que prometem universalizar o acesso à internet, Fabrice Bregier, presidente da fabricante de aeronaves, entrou num campo até então dominado pelo site de buscas, comandado por Larry Page. A Airbus fechou um acordo com a empresa OneWeb para produzir 900 satélites que devem espalhar o sinal da rede para o planeta inteiro, inclusive lugares remotos sem conexão. Estima-se que o custo do projeto possa chegar a US$ 2 bilhões. Em janeiro, em parceria com o fundo de investimentos Fidelity, o Google havia colocado US$ 1 bilhão no desenvolvedor de tecnologia espacial SpaceX, que tem um projeto quase idêntico. “O Google está colocando dinheiro nisso porque só com acesso à internet as pessoas vão usar seus serviços”, afirma o consultor de tecnologia Antonio Bordeaux Rego. “A ideia da Airbus é colocar sistemas de comunicação baratos em aviões.”

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Por trás da OneWeb está Richard Branson, fundador do grupo de entretenimento Virgin, conglomerado com 300 marcas, e que se tornou um dos empresários mais ousados do século 21. Os satélites que serão desenvolvidos prometem ser menores e mais baratos do que os atuais. Estarão a 1,2 mil km da Terra, bem menos do que outros satélites de comunicação, que orbitam a cerca de 36 mil km. No chão, os usuários precisarão de um receptor de US$ 250 para receber o sinal da rede. O Google ainda não deu detalhes de seu plano, mas seu parceiro SpaceX, controlado pelo fundador do site PayPal, pediu em junho permissão do governo americano para colocar 4 mil satélites de internet em órbita.

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A concorrência de pesos-pesados no projeto será saudável para o desenvolvimento de uma tecnologia que revolucionará a vida de bilhões de pessoas. Calcula-se que mais da metade da população mundial ainda não possui conexão à rede (34,4% dos habitantes do Brasil estão nesse bolo, segundo estudo da McKinsey). “Pessoas sem conectividade são pessoas sem oportunidade, o que é um problema para elas e para os outros ”, disse à Istoé Greg Wyler, fundador do OneWeb. “Esse é o modo como nós estamos contribuindo.”

Foto: Seth Wenig/AP