Na última semana, o Food and Drug Administration (FDA) – a agência responsável pela liberação de remédios e alimentos nos Estados Unidos – anunciou uma medida histórica na luta por uma alimentação mais saudável. Por determinação do órgão, dentro de três anos nenhum produto alimentício vendido em território americano poderá conter em sua formulação a gordura trans, uma das maiores vilãs da saúde por elevar o risco para doenças cardiovasculares. “Esperamos reduzir as doenças cardíacas e prevenir milhares de mortes por infarto todos os anos”, afirmou Stephen Ostroff, diretor do FDA.

A gordura trans está presente em produtos industrializados como biscoitos, massas congeladas e sorvetes. Há anos a ciência investiga seus danos ao organismo. Agora, há um conhecimento sólido o bastante para saber que o ingrediente interfere em processos que resultarão no entupimento de artérias e no aumento do risco para outros fatores associados a doenças cardiovasculares.

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No mundo todo as autoridades de saúde vêm impondo medidas para restringir sua utilização. O governo americano, porém, é o primeiro a determinar seu banimento (sua presença só será permitida em casos aprovados pelo FDA). Antes, já havia apertado o cerco. Em 2006, ordenou que a presença do ingrediente constasse no rótulo e nos últimos anos intensificou os acordos com a indústria para sua redução nos produtos. Com as medidas, o órgão estima que houve uma queda de 78% no consumo de alimentos com trans entre 2003 e 2012 naquele país.

As decisões do FDA costumam nortear as ações das agências reguladoras da maior parte dos outros países. No Brasil, fabricantes e Ministério da Saúde celebraram um acordo há oito anos visando à diminuição do ingrediente. De lá para cá, calcula-se que houve uma redução de 250 mil toneladas de gordura trans nos produtos. Segundo o Ministério, as discussões sobre a redução serão retomadas.