Acusado pela Polícia Federal de chefiar uma organização criminosa com conexões políticas, Benedito de Oliveira Neto, o Bené, contratou os serviços de José Luiz de Oliveira, o Juca. Famoso por defender o ex-ministro José Dirceu no caso do mensalão, o advogado também poderá coordenar a defesa de sócios e familiares do dono da Gráfica Brasil. Na última semana, Bené pressionou seus parceiros de negócios a assinarem com Juca, oferecendo-se para custear os honorários advocatícios. O empresário quer evitar delações premiadas. Para alguns desses executivos, porém, a estratégia do silêncio só serve a Bené e ao PT.

Pic_Conf.jpg

Máfia no ataque
Advogados que defendem integrantes da “máfia dos fiscais” de São Paulo descobriram uma brecha para ­conturbar o processo. ­Alegam que a nomeação do promotor ­Roberto Porto para o cargo de corregedor-geral do Município tira sua independência no caso. Criticam ainda a atuação do procurador ­Rodrigo Yokouchi na elaboração de laudos contábeis.

De novo, Negromonte
Quem trabalhou com o ex-ministro das Cidades Márcio Fortes conta que foi Mario Negromonte, então líder do PP na Câmara, quem lhe apresentou Bené. A partir daí, ele abocanhou vários contratos milionários. Mario, que aparece na Lava-Jato, pode ser denunciado em novo processo.

Damas de ouro 
A polêmica palestra sobre “etiqueta e elegância” organizada pela primeira-dama do Rio Grande do Norte, Julianne Dantas, pôs em evidência a atuação pelo País das chamadas “associações de primeiras-damas”. São como ONGs que ­recebem dinheiro público para fazer caridade.

Charge.jpg

Perdão e penitência
O Palácio do Planalto é favorável à proposta de indenização que será encaminhada pelo clube das empreiteiras envolvidas na Lava-Jato para encerrar os processos na CGU e evitar a inabilitação. Cada uma das 14 empreiteiras pagaria
R$ 150 milhões, num total de R$ 2,1 bilhões.

Outras concessões
Do arquivamento dos processos de inabilitação na CGU depende a participação das empreiteiras no megaplano de concessões lançado na semana passada pela presidente Dilma. O governo sabe que as construtoras médias não têm expertise para tocar as obras bilionárias.

Almirante anônimo
A Polícia Federal quer saber quem na Marinha está por trás das polêmicas parcerias com o grupo político arrolado na Lava-Jato. A Marinha foi chamada a dar apoio técnico à parceria com o Labogen, também contratou a IT7, ligada a André Vargas, e atuou para financiar a Sete Brasil.

Bombeiro Alckmin
Geraldo Alckmin foi escalado pelo PSDB a resolver uma contenda entre Mário Covas Neto, o Zuzinha, e o deputado Bruno Covas pelo domínio do partido na maior cidade do País. Alckmin ainda não teve sucesso na busca por uma trégua entre os herdeiros do ex-governador.

Delação do mensaleiro
O ex-deputado Pedro Corrêa parece ter decidido finalmente firmar com o MPF um acordo de delação premiada. Réu em inquérito da Operação Lava-Jato, o mensaleiro está preocupado com as conseqüências do processo para a família. Corrêa teria usado os filhos para receber propina do esquema de corrupção na Petrobras e espera usar sua colaboração para reduzir as punições dos familiares. De acordo com uma fonte ligada à família, Corrêa tem sido pressionado pelo PP de Alagoas a permanecer calado.

Velhas sócias
Nos últimos dez anos, as empreiteiras Queiroz Galvão, OAS e Odebrecht estiveram à frente das mais importantes obras em Pernambuco. Os órgãos de fiscalização encontraram problemas na maior parte desses empreendimentos, como no trecho da BR 101, na BR 232 e na adutora de Pirapama. Em um dos casos, já teria havido acordo de leniência.

Toma lá dá cá

DEPUTADO LÚCIO VIEIRA LIMA (BA), vice-líder do PMDB na Câmara dos Deputados.

CONF-01-IE.jpg

ISTOÉ – O ministro Aloizio Mercadante quer retomar as Relações Institucionais. O que sr. acha?
Vieira Lima –
Em vez de pensar com a cabeça, o Mercadante pensa com o chicote. Parece que gosta de ver o governo em crise.

ISTOÉ – Uma eventual saída do vice Michel Temer da articulação política pode gerar mais crise?
Vieira Lima –
Enquanto o Temer ajuda o governo, o Mercadante dá uma de aloprado. Tem memória curta. Se a articulação estivesse na mão do PT, nós não estaríamos discutindo a saída do Temer, mas da presidenta Dilma.

ISTOÉ – O adiamento da votação da revisão da proposta de desoneração da folha de pagamento foi um recado ao ministro?
Vieira Lima –
Desafio o ministro a assumir a coordenação da votação dessa matéria e ver como se sai.

Rápidas

* O ex-presidente José Sarney está prestes a ser alijado de seu último feudo no governo federal. Desde a década de 1970, Sarney comanda os 2 mil cargos da Companhia Docas do Maranhão (Codomar). A presidente Dilma resolveu transferir a autarquia para a Secretaria de Portos.

* No Piauí, o governador Wellington Dias tomou do PMDB a superintendência do DNIT e nomeou Ribamar Bastos para o cargo. Mas a indicação fere portaria presidencial de 2011, segundo a qual só funcionários de carreira podem assumir superintendências.

* Tramita na Câmara um projeto do deputado Laudívio Carvalho (PMDB-MG) que altera a lei de contravenções, de 1941, e transforma em crime as cantadas “obscenas” ou “constrangedoras”. O texto prevê prisão de até três meses a assediadores masculinos.

* O ministro Gilmar Mendes concedeu liminar retirando a inidoneidade da Delta Engenharia, de Fernando Cavendish. O STJ reabilitou a empreiteira e depois a inabilitou novamente. Por isso, a empresa recorreu ao Supremo. Cabe recurso.

Retrato falado

Relator do projeto que torna legal a produção de biografias sem autorização do biografado, o deputado Alessandro Molon (PT-RJ) foi alvo à época de severas críticas de fãs de Roberto Carlos e integrantes do movimento “Procure Saber” liderado pela produtora Paula Lavigne. Agora, Molon comemora a decisão do STF que liberou a publicação do gênero no Brasil.

CONF-05-IE.jpg

 

Dois contra um
O vice-presidente Michel Temer pediu ao ex-presidente Lula que convença Dilma a reduzir o poder do ministro Aloizio Mercadante. Temer identificou na Casa Civil a origem do boicote a sua atuação como articulador político do governo. Já o ministro petista tem dito que, depois de aprovado o ajuste fiscal, o governo não precisará mais de Temer.

CONF-04-IE.jpg

Homem de Lula?
Em 2013, PP e PMDB tentaram constranger o Palácio do Planalto ao convocar o então diretor-financeiro da Petrobras, Almir Guilherme Barbassa, para dar explicações sobre a Sete Brasil. No requerimento, os deputados Alexandre Santos, Luiz Fernando Faria, Guilherme Mussi e Missionário Olímpio escreveram que a ideia de criar uma empresa para construir, operar e fretar sondas para o pré-sal foi “capitaneada” por Barbassa. E concluíram: “Dizem que é ligado ao ex-presidente Lula.”

Fotos: DIDA SAMPAIO/AE; Gustavo L. Bezerra; Adriano Machado
Colaborarou Josie Jerônimo