Depois de décadas desafiando o olhar do espectador com possibilidades cada vez mais ousadas de pirotecnia digital, o cinema de aventura volta à velha engenharia.

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A partir de quinta-feira 11, a Universal vai ocupar, só no Brasil, mais de mil salas de cinema com “Jurassic World – O Mundo dos Dinossauros”, longa-metragem de aventura que centra forças nas velhas marionetes mecânicas, sucesso nos primeiros filmes de Steven Spielberg, ainda no milênio passado, que pareciam condenados à extinção diante das vantagens técnicas e econômicas dos efeitos criados em computador.

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“A técnica está quase ultrapassada nos dias de hoje, quando, com o avanço tecnológico, é muito mais fácil, rápido e econômico fazer tudo digitalmente”, diz o diretor do filme, Colin Trevorrow, em entrevista à ISTOÉ. Fã e colega de Steven Spielberg, dono da franquia “Jurassic”, ele pode contar na reprodução das feras mecânicas com a experiência do criador de “E.T” e “Tubarão”, grandes sucessos mundiais com protagonistas robóticos que povoam o imaginário de mais de uma geração de fãs. “Quando os dinossauros precisam ser tocados pelos atores, o animatrônico – nome técnico dos robôs de filme – ainda é o recurso mais efetivo. Criamos algo raro, criaturas palpáveis, com respiração e movimentos próprios”, afirma. Apesar do ar vintage, o longa chega aos cinemas com a opção 3D.

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DE VERDADE
Nick Robinson e Ty Simpkins, atores-mirins do novo filme da
franquia Jurassic, contracenam com robôs gigantes e barulhentos,
estrelas do elenco do diretor Colin Trevorrow

Trevorrow foi ousado. O primeiro Jurassic nas telas estourou nas bilheterias e rendeu três Oscar para a equipe de Spielberg em 1994. A continuação, lançada três anos depois, muito mais alimentada por digitalizações, não agradou nem ao público, nem a crítica, apesar do investimento de mais de US$ 90 milhões, US$ 30 milhões a mais que o primeiro. O raciocínio do diretor é recuperar o que seduzia a plateia dos anos 1990 que agora leva suas crianças ao cinema: a maquinaria pesada de Spielberg. “Acho que o espectador quer que o dinossauro se pareça exatamente como aquele que Spielberg nos apresentou. Gostamos desse espírito de nostalgia”, diz o diretor. Para isso, ele gastou US$ 180 milhões.

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CONVIVÊNCIA DIFÍCIL
Chris Pratt, na foto, com Bruce Howard e Nick Robinson, não estava habituado
a atuar com robôs. "Ouvir aquela espécie de motor tira um pouco
a concentração na hora de filmar"

O set de filmagens de “Jurassic World” pode ser descrito como algo parecido com uma bancada de engenhocas gigantes. Foram desenvolvidos bonecos que sozinhos consumiram mais de três meses de trabalho de equipes impressionantes de engenheiros e cenógrafos. A reprodução do assustador apatossauro, por exemplo, consiste em um robô de 10 metros de altura e 23 de comprimento. É um bicho que pesa 35 toneladas. O romantismo viabilizado pelo orçamento gordo colocou “Jurassic World” como a segunda maior expectativa de público do ano – atrás apenas do novo episódio de “Star Wars”, da Disney, com estreia prevista para dezembro. Só não animou muito os protagonistas de carne e osso. “Ouvir aquela espécie de motor enquanto a criatura move a cabeça ou abre e fecha os olhos tira um pouco a concentração na hora de filmar”, diz Chris Pratt, o mocinho do filme.

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Fotos: Divulgação