Na Idade da Pedra, o ser humano recorria às peles de animais em busca de calor e proteção. Em plena era da informação, as roupas ficaram inteligentes e há desde tecidos que se adaptam às variações climáticas e evitam as constrangedoras manchas de suor debaixo do braço até protótipos como jaqueta com celular, cueca com ar-condicionado, camiseta com sensores para medir pressão, temperatura e batimentos cardíacos ou a luva que aciona um alarme anti-stress.

O Exército americano lançou mão da nanotecnologia, ciência que manipula partículas com um centésimo da grossura de um fio de cabelo, para criar um uniforme de guerra imbatível. Resistente às balas, a armadura regula a temperatura do corpo, tem sensores para medir os sinais vitais dos soldados e muda de cor conforme o ambiente. A roupa-camaleão estará pronta para combate em dez anos, suas fibras ventilam o corpo, mas fecham-se ao entrar em contato com armas químicas. Para os civis, a empresa americana Nano-Tex criou um tecido impermeável que não molha nem mancha. Os pêlos microscópicos de material plástico são entrelaçados às fibras de algodão e impedem a absorção de líquidos, mas deixam o corpo transpirar.

Outro ramo promissor são os computadores fixos ao corpo. Parece exagero acessar e-mails enquanto se anda até a padaria, mas o PC de vestir pode servir como tradutor intérprete, idéia que cientistas europeus e americanos do Consórcio para Pesquisa sobre Tradução da Fala tentam transformar em realidade. O microfone captaria uma frase dita em português. Com a ajuda de sintetizadores de voz e alto-falantes, o programa traduziria a frase para o russo quase imediatamente. Será o fim da babel e a alegria dos turistas. O tradutor eletrônico tem sistema de localização por satélite e mapas, mas demora uma década para chegar às lojas. Pioneiro entre os PC de vestir, o equipamento da IBM tem o tamanho de um CD, pesa 300 gramas, vem com disco rígido de 1 GB preso à cintura e uma minitela fixa diante de um dos olhos. Não há mouse: um microfone serve para comandar a máquina. A tendência é que esses aparelhos fiquem cada vez mais discretos.

Pé quente – Uma amostra é a camiseta SmartShirt da americana Sensatex, uma espécie de hospital ambulante. Circuitos eletrônicos, fiação óptica e sensores embutidos no tecido medem batimento cardíaco, pressão e temperatura e são repassados ao médico via satélite, celular ou rádio. A camiseta será lançada em 2002 e poderá ir para a máquina de lavar, já que seus circuitos são protegidos por material plástico. Quem quiser sentir antes o gostinho da novidade pode experimentar as jaquetas ICD+ da Philips. Os casacos vêm com telefone celular, aparelho para tocar músicas em formato mp3 e controle remoto na altura das costelas. O microfone preso à lapela recebe os comandos de voz para o celular funcionar. Fios e cabos para conectar a parafernália estão embutidos no tecido.

Em busca de conforto, a americana Outlast criou um tecido que mantém o equilíbrio térmico do organismo. As fibras contêm bilhões de microcápsulas para absorver o calor do corpo. No frio, elas liberam essa energia aos poucos. A tecnologia foi usada na confecção de meias, calças, jaquetas, calçados, camisetas, luvas e gorros. “O ideal da roupa do futuro é que ela se aproxime da pele, que se arrepia no frio e escurece ao ser exposta ao sol”, diz o consultor têxtil José Favilla, da Fibra Dupont, dona de um tipo de náilon que serve de isolante térmico e possui elementos químicos que protegem a pele contra os raios ultravioletas do sol.

Um ex-aluno do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) criou o tênis Raven, com chips que se adaptam à atividade física e preço de US$ 150 nos EUA. Quando a pessoa anda, ele fica largo e confortável. No pique da corrida, o chip leva dois segundos para inflar a parte dianteira do calçado e dar mais segurança e aderência ao atleta. Igualmente com foco nos pés, a americana Eletric Shoe inventou a bota que recarrega a bateria do celular enquanto seu dono caminha. A pressão dos pés contra o solo daria origem à corrente elétrica.

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Idéias mirabolantes não faltam. Steve Mann, um dos fundadores do Wearable Computer Project do MIT, bolou uma cueca com sensores para medir o suor e regular a temperatura por meio de sinais de rádio. Outro projeto inusitado é o Galvactivactor, luva que mede a condutividade elétrica da palma da mão e detecta se o usuário está estressado. Quando percebe alterações, a luva acende a luz de emergência – é o sinal que a tensão atingiu nível alarmante. Pode ser uma boa hora para relaxar e tomar um chá de camomila.


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