Para os inimigos da natureza, eles são mais do que um apelido engraçado. Os ecochatos, nome popular da Patrulha Ambiental criada pela Prefeitura do Rio de Janeiro, embargaram 18 loteamentos irregulares, moveram 16 ações por desmatamento e autuaram quatro pedreiras. A primeira operação, no fatídico 11 de setembro, foi uma multa de R$ 12 mil aplicada contra a Companhia Estadual de Água e Esgotos (Cedae) por lançamento clandestino de esgoto na Lagoa Rodrigo de Freitas. A empresa acumula R$ 7 milhões em multas por poluição este ano. Não é a única infratora. Biólogos prevêem uma nova onda de mortandade de peixes no próximo verão se o lixo continuar a ser despejado na Lagoa.

Os fiscais descobriram ainda 3.000 m2 de Mata Atlântica devastados para dar lugar a um condomínio numa área de proteção ambiental em Jacarepaguá, zona oeste. O Rio perde por ano 1% das reservas de Mata Atlântica e 2% de restinga. A área de Mata Atlântica diminuiu de 30 mil hectares para 25 mil em 15 anos e a de restinga foi de 1.103 para 771 hectares. “Chato é quem destrói a natureza”, diz o guarda municipal Evandro de Carvalho dos Santos. “As denúncias são muitas. A população não tolera mais a agressão ao maior patrimônio da cidade, a natureza”, afirma o secretário de Meio Ambiente, Eduardo Paes, criador do apelido infeliz. A prefeitura investiu R$ 1 milhão no projeto e, se depender do juiz trabalhista Alfredo Rodrigues, até o final deste mês os patrulheiros deverão contar com o primeiro Tribunal Arbitral de Justiça Ambiental do Brasil. “A Justiça comum não está preparada para a demanda dos problemas ecológicos”, afirma Rodrigues, criador do único sindicato nacional do meio ambiente.